terça-feira, 28 de abril de 2009

SIMPLES ASSIM

você é aquele biscoito de polvilho murcho que resolveu comer no afobamento da fome
e a quantia exorbitante que decidiu gastar naquele tênis
você é a sessão da tarde e todas aquelas trakinas
é a saída da escola e os olhares tímidos trocados com os alvos da época
você é a paisagem indescritível que prefere silenciar, na ausência de descrição cabível
e é a risada do momento nostálgico com seus antigos amigos
é o céu que não cansa de te responder nada em troca de todas as suas dúvidas
você é só uma carta bonita de algum ex-namorado
é a pulga atrás de alguma orelha
e os sonhos que leva aí dentro
é a pizza daquelas pizzadas
e cada espinha que te surgiu no rosto
você é o vestido mais lindo do armário
e a calcinha furada que ainda não jogou fora
é o cabelo arrumado
e o despenteado de quem acabou de acordar
você é o bafo de toda manhã
e o chiclete de toda festa
é o medo de arriscar e a coragem de ter medos
você é a obra-prima de seus pais
e um estranho pelas ruas
você é a explosão de um beijo
e a indiferença de um abraço sem laço
você é a frieza daquela discussão que teve
e a coceira do cabelo não lavado
é cada cadeira, sofá, degrau ou chão que já sentou
você é o seu computador e todos aqueles arquivos
é o rasgo na calça que descobriu no meio da aula
e o desodorante que esqueceu de passar e já era tarde demais
você é um par de pernas que te leva pra onde guiar
é o sutiã que chega a encardir de tão adorado
você é o caderno velho que hesita em jogar
e o famoso álbum de fotos daquele passeio em família
é o perfume que marcou momentos e até hoje te leva dar uma volta no tempo
você é a chupeta coberta de baba
e o filme escolhido para ser a sua história

sábado, 25 de abril de 2009

Cuidado! (isso pode incomodar)

Esse mundo tem me machucado. Tem me machucado muito. Sinto que a qualquer momento vou ser engolida pela publicidade. Estou prestes a ser vencida pelo silêncio com que o vazio social se anuncia. Não em mim, mas por perto. Me sufoca a negação das pessoas perante o real e o profundo. Me sinto seriamente cansada, e minha voz parece minguar pra dentro dos meus ideais. Tenho a impressão de que o que eu penso sobre o rumo das coisas é igualmente pensado por outras mentes. Também cansadas, também caladas, profundamente subestimadas.
As pessoas estão cada vez mais malucas. Tem gente comprando máquina na ilusão de pagar assim, por felicidade. E os panos pro corpo aqui, são garantia de satisfação. O que é ser satisfeito e feliz agora? Eu já nem sei.
Aqui é tudo fora, externo, superficial. O dentro é varrido pra debaixo do tapete - contém sangue demais, ninguém tá afim de fazer sujeira: higiene em primeiro lugar.
É fato que nunca ninguém entendeu direito o que deve ser feito em vida. Mas o triste é que pra muitos, a busca cessou. A regra agora é se distrair até a morte. E quanto à morte, sabe lá.

ilusão de ótica

quinta-feira, 23 de abril de 2009

LINDA DE MORRER

Juro que não é papo de invejosa. Nem de feia revoltada. É uma inquietação apenas...

Outro dia eu estava pensando no quanto deve ser difícil ter aquela beleza absurda, sabe, bem estilo linda de morrer? Aquela que não tem quem olhe e não pense no quanto a pessoa é bonita.
A princípio, "que tudo!". Mas reflita: quando te olham, você é bonita. Se vai fazer uma entrevista de emprego, é a menina gostosa. Pro pai, é a filha miss universo. Pro professor, é a aluna linda. Pro amigo do pai, é um perigo. Entre as amigas, é a maior inimiga do mundo (mesmo que em segredo).
Meu deus. Que chatice! Claro que a beleza absurda abre algumas portas e não seria de todo mal ficar linda mesmo depois de uma hora de esteira. Mas e se você não quiser que a beleza seja uma chave? E se num dia você, simplesmente, não quiser chamar atenção? "Hoje eu não quero ser maravilhosa, quero passar despercebido!" - Não existe essa possibilidade.
Você já parou pra pensar que uma menina linda de morrer não pode ter melhores amigos homens? TODOS eles devem ter dúvidas sobre seus sentimentos em alguma altura do campeonato.
Se a menina é legal, super divertida e, ainda por cima, uma deusa grega, você acha mesmo que o cara só vai querer amizade pra sempre? Claro que não! Em um certo momento ele vai se sentir num besteirol americano da vida e vai achar que seu destino pode ser a mulher maravilha que além de tudo, é sua melhor amiga.
Você entende?! Ser milimetricamente bonita significa carregar um rótulo imediato. Ainda que tal rótulo seja o mais desejado por essa sociedade super profunda em que vivemos, ele não deixa de representar um pré-conceito. Na verdade, todo extremo representa - a feiura máxima, inclusive.
Agora pense comigo. A menina tipo eu, que alguns podem achar feia, outros, bonita. Alguns podem nem ter uma opinião formada sobre isso. Tudo bem.
De repente, num dia resolvo acender minha fogueira da vaidade, faço uma bela escova, jogo um blush aqui, um rímel ali, uma blusa decotada, e pronto: posso até chegar a ficar linda!
Num outro dia corriqueiro, em que eu resolvo dispensar a beleza, posso sair de coque no cabelo, um óculos embaçado, uma calça que me engorda, e tchãram: a baranga perfeita.
Veja quanta versatilidade uma pessoa normal tem nas mãos. Quantas armas e quantas cartas embaixo da manga.

Sabe, a beleza exata é carro, é casa grande, é status. É parte de tudo aquilo que, no fundo, todo mundo sabe que não passa de desejos infames criados por um sistema falido pra fazer sua economia girar.
É abstrato e é ilusório.
Para as deusas gregas, boa sorte! Quanto às meras mortais:
Vamos brincar de ser. Ser o que resolver que quer ser. Relaxe e brinde o corpo que lhe foi concebido - esqueça todas essas regras. Vai por mim. Qualquer padrão que seja é uma criação besta do homem. Lá na frente, vão todos carregar as mesmas rugas e as mesmas orelhas gigantes. Seremos os velhinhos que vemos hoje nas ruas. Seremos corpo velho. Seremos uma somatória deliciosa de histórias. Seremos um pacote de frustrações desnecessárias. Seremos experiências acumuladas de vida. Seremos sempre vida.
Feios ou bonitos - de qualquer jeito.

Liberté

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A QUE NÃO QUER CALAR!

"Para enviar seu torpedo, digite os caracteres da imagem abaixo:"

POR QUE?!?!?!?!?!?!?!?

terça-feira, 14 de abril de 2009

Vazio de cor.

O céu cinza de hoje, geralmente, carregaria Marilda de preguiça.
Posso imaginar seu andar recolhido no medo, seus passos contornando o incerto e seus olhos temendo o vazio.
Ela detestava seriamente esses dias assombrados pelo branco no topo do mundo. E o detestar chegava ao ponto de questionar a seu deus porque criara tal nebulosidade em sua vida.
Aquilo era ponto final prematuro em suas decisões, era interrupção certeira em seus afazeres. Marilda era congelada pela frieza do dia nublado, que nem era necessariamente frio, mas que vinha aterrorizando-a há meses.

Amanheceu outro dia. Mais um lotado de nuvens. Avistou pela janela a repetição de tal maldição e voltou a deitar. Deitou, mas levantou em seguida.
Cansada de se permitir tal bloqueio, Marilda vestiu um roupão e saiu esbaforida de casa.
Ninguém entendeu nada. "Será que ela vai cometer uma loucura?" - temeram os vizinhos que acompanhavam de longe sua depressão climática.
E ela voltou. Ao invés de fim, resolveu dar um início.
Cheia de latas de tinta e panos estampados e lisos debaixo do braço, Marilda pôs-se a pintar e costurar.
Pintou o teto de céu ensolarado e costurou tecidos cheios de vida em cada almofada, fronha, lençol e colcha de sua casa.
Daquele dia em diante, Marilda não precisaria mais do céu.
Resolveu que por dentro e por fora, ela seria cor.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

FLUIDEZ.

Ideias novas, fluxo livre de pensamentos, aquisição de meta, foco, objetivo. Coisa ligada à energia e tudo aquilo que tem a ver com harmonia mesmo.
É sempre o equilíbrio entre eu, eu mesma e todos os átomos do universo, que causa essa sensação absurdamente esclarecedora.


Boa semana!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Tããão irritante que me dá preguiça...

Preciso desabafar!
Não aguento mais o esculacho sem graça e o estilo “bom moço sem ser bonito” do Adam Sandler; o jeito “arraso com as garotas e os cara pagam pau pra mim” do Will Smith estão me dando uma implicância intensa; o menino bonitinho e engraçado do Ashton Kutcher me dá até uma vergonha alheia e o azaradinho e inseguro do Ben Stiller já deu também, né?


Eles estão me irritando!
Na verdade, esses esteriótipos até que deram uma descansada por hora. A culpada, no momento, é a TV por assinatura. Alguém pode, pelo amor de santo cristo, explicar porque essa gente encarna com um filme e fica reprisando milhões de vezes? Será que alguém sempre esquece o reprise ligado?!

Juro que já assisti ”Quero ficar com Polly”, no mínimo, umas 5 vezes. Mais as que só notei que estava passando, deve ter sido, no mínimo, umas 47 vezes - em 30 dias!

Ben Stiller já caiu e já foi enterrado no meu conceito.
Na verdade, depois de Entrando numa fria e a maior ainda (com De Niro, Barbara Streisand e Dustin Hoffman, o caminho é menos íngreme, né), ele não fez mais nada que realmente preste. Arriscou uns personagens NADA A VER em Zoolander, por exemplo, mas sempre cai no perfil enlatado do moço esquisito que porque deu certo nos primeiros (tem o da Mary lá também que até que foi legalzinho), a indústria fantástica de contos bilionários vai lá, empacota e produz em larga escala. Isso é uma fronta!


Por favor, vamos fazer greve reivindicando nosso direito ao respeito e preservação de nossa inteligência, porque ela vem sendo seriamente subestimada!
Não precisa também ser drástico e lotar as prateleiras com filmes cheios de cenas masturbatórias inúteis e constrangedoras, tá? Vamos entrar num acordo?! Please...
Ou será que sou eu que não consegui me achar ainda na indústria de faz de contas? Hmmm... Pode ser também.
Mas me proíbam de ver qualquer filminho nhénhénhé com aquela história de mentiras contadas no começo, depois o momento de crise da descoberta e, finalmente, o happy end, onde o casal sem sal descobre o poço da felicidade eterna.


É um favor que eu lhes peço. Tá me dando náuseas já.
E os diferentinhos a la “Margot e o casamento” também, me fazem questionar o porquê de passar 2 horas assistindo à uma produção sem sentido, com ares alternativos, mas com um roteiro perdido no meio do nada.
Quero mais Escafandros, Emelies, Lenins... Até um "de repente é amor" tá valendo. Não sou alternativa, nem radical. Sou normal, quero ver um filme interessante, vale ser bonitinho, mas não me venha com as revelações finais em meio à uma multidão, ou num jogo de baseball, ou pra uma plateia inteira ouvir – credo, isso no mundo real seria uma falta de educação sem tamanho! E no filme todo mundo aplaude, como se ninguém ali tivesse uma história).


aiai... Acho que a felicidade fajuta fingida por beldades apáticas está me entediando.
Alguém aí, faça alguma coisa!

domingo, 5 de abril de 2009

Quase uma semana!

Mas não chegou a ser uma semana (ufa!).
Sem postar por aqui foram 4 dias, 96 horas e muitos minutos, segundos e visitas ao blog sem coragem de escrever.
Já é do conhecimento de quem vem me visitar, essa tal mania de escrever assombrada pela tal mania de ter a confiança, criatividade e coragem, todas bloqueadas dentro e fora de mim.
Mas não se preocupem, logo elas serão completamente desbloqueadas.
Assim que eu ler todos os livros que acredito precisar ler; quando tiver assistido a TODOS os filmes os quais pessoas cults comentam e eu nunca ouvi falar; a partir do dia em que eu for uma pessoa mais segura de mim e, finalmente, quando todos os florais, bolinhas de açúcar de homeopatia, sessões de terapia e tentativas de meditação sortirem efeito, aí sim estarei eu apta a entrar neste blog e ver meus dedos voarem pelo teclado como agora, porém incessantemente, quem sabe várias vezes ao dia.
Bom, se bem que nesse caso, eu gostaria de já ter me tornado mestre em comunicação, estar editorando uma revista inovadora, protagonizando um musical da broadway, escrevendo meu terceiro livro e, quem sabe, estreando como roteirista de cinema.

Ou seja, nunca.
Não ao mesmo tempo.

Hoje eu sei que não importa o quanto eu pense em tudo que quero fazer e ser. Enquanto eu não amarrar os cadarços bem debaixo do meu nariz (na verdade, das minhas canelas), não posso ficar me imaginando lá longe saltitando e cantando.
Uma coisa por vez. É tudo uma questão de prioridades.
Você quer emagrecer, quer se formar, quer estudar teatro e quer ser, quem sabe, uma ativista social. A charada é: qual deveria ser sua prioridade?!?! Hãn, hãn?
Certa a resposta! A academia pode esperar, até os visitantes assíduos do blog podem esperar, mas o último ano da faculdade não, esse é pra já. Então estou tratando de fazer esses laços bem feitinhos, que é pra não desamarrarem lá na frente, no meio do show.

Conto com a colaboração de todos e acrescento que, de qualquer forma, vou atualizar sempre que der e que uma ideia legalzinha pipocar na minha cabeça.

Adiante!