terça-feira, 26 de maio de 2009

Instantâneo

Têm instantes fulgazes em que tudo parece estar nos eixos, não é?

Sei lá, é sempre no meio do caos. De repente, me vem a alegria de estar onde estou, de ter tempo e ter oportunidade de ter tempo. Eu sei que é estranho. É indefinido pra mim também. É que tive um desses instantes há pouco. Resolvi compartilhar. E assim que esse tipo de momento prevalecer novamente, retomo o blog. Prometo não desistir. E seja lá quem for você, prometa não desistir de vir aqui. Juro que assim que tiver coragem de enfrentar este teclado e todos os meus pensamentos, farei deste um canto virtual aconchegante cheio de quitutes e uma simpática mesa nostálgica recheada de bolos e chás com cara de casa da vó. Eu juro!

eu quero.jpg

terça-feira, 12 de maio de 2009

Silêncio Caótico

Ai, que loucura!
Minha cabeça virou uma avenida, uma encruzilhada sem semáfaros, placas ou faixas de pedestre. É só me deitar sob o silêncio da noite que lá vêm eles: todos os meus pensamentos ao mesmo tempo. São como uma junção de todos os meios de transporte possíveis, e capazes de buzinar, correr, acelerar e atropelar o meu sono.
Não há sinalização alguma, é acidente a toda hora; carro por cima de carro.
É uma terra perdida, lotada de coisas que se movimentam incessantemente - bicicletas, motos barulhentas, caminhões sonolentos, carros desgovernados, trens fantasmas. Tem de tudo que você possa imaginar.
As buzinas berram, escabelam e gritam, como se aquela movimentação toda [bem na hora de dormir] fosse resolver alguma coisa.
Já tentei meditação; já rezei muito; já tentei contar carneirinhos, cachorrinhos, a arca inteira. É sério, realmente pensei que contando alguma coisa imaginária, eu pudesse me distrair dos meus pensamentos – todos aqueles pesados, inconvenientes e inúteis, sabe?
Mas quando a madrugada é de tráfego intenso, o pai nosso tem dificuldade de chegar até mim. No meio da reza aparecem uns carros; os malditos que conseguem ultrapassar qualquer barreira de proteção.
É mesmo insano. A mente é uma aventura, mas uma aventura indomada por nós, seres esquisitos ocidentais.
Quem sabe consiga organizar um mantra na madrugada de hoje.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ditadura Mental

Pode parecer estranho, mas sei exatamente o ano em que gostaria de ter nascido, se não fosse em 1987 (e se eu pudesse escolher): seria em 1945. Em 60, teria 15 anos. E a partir daí, just rock, baby - minha adolescência seria brindada com o melhor do mundo: Elvis, Beatles, Diretas Já, muita rebeldia com causa, preocupação com a causa e uma pitada de Janis Joplin e toda a trupe do Woodstock.

Ah... me imagino dentre os vestidos acinturados, as TV's sem cor, o clima inédito da chegada do rock 'n roll trilhando o som daqueles anos de ebulição política, mental, mercadológica e social. Meu deus, como queria estar presente no início de tudo. A consolidação do consumismo, o império 'salve-se quem puder' capitalista. Queria ver de perto que é pra entender melhor como chegamos ao ponto em que estamos hoje.

A galera do Hair¹ deve estar se debatendo no caixão por assistir a uma sociedade tão livre que dispensa essa liberdade e corre procurar alguma barreira, que é pra não se perder eu acho. Assim, seguimos padrões de beleza; obedecemos à moda; mantemos alguns conceitos falidos de uma moral injusta; regras absurdas de certas religiões - que acreditam num deus monstruoso e assustador. Nosso corpo é despido de pressões, mas a mente é acorrentada e manca - ela acha que temos que ter para ser.
O homem nunca esteve mais livre em toda a história da humanidade: quem quiser ser gay, que seja; quem quiser gravar um vídeo fazendo cocô e mostrar para o mundo, que mostre; quem quiser ser famoso, que seja; quem quiser jogar uma casca de banana no Lula, que jogue.
Pelo amor de deus, a internet é nossa, é a pura tradução do semi-anarquismo em que vivemos.
Entretanto, infelizmente, é dirigindo seu carrão do ano, comprando os lenços do inverno e comendo os lanches do Mc Donalds, que lá vai ele: o homem se sentindo completamente dono de si.
Cegou-se para as amarras da mente; as correntes invisíveis que nos permitem caminhar até certo limite; os megafones disfarçados de beleza que nos dizem do que gostar, o que querer ser e o que querer comer.
Somos livres para ser o que quisermos, mas as revistas dirão o que devemos querer ser. Temos liberdade para ter o cabelo que desejarmos, mas a mídia dirá qual o cabelo mais bonito de se ter. O mesmo mundo que te liberta, te dará ordens discretíssimas.
E não se preocupe, para os rebeldes também existem moldes: não seguir os moldes.
Tudo bem, tá tudo certo: terão roupinhas alternativas te esperando em alguma loja do shopping.

Preste atenção! Nem estou profanando uma manipulação calculada, hein. Acredito que o mundo está assim porque é assim que o capitalismo funciona. "Dane-se o 'ser', vocês tem que 'ter'!"
Acontece que cada um pode refletir e nadar contra a maré. Pode abrir os olhos, acordar do sono profundo e entender que Mc Donalds faz mal, mesmo eles te dizendo para comer e ser feliz; que pegar 30 sacolinhas plásticas por dia para seu conforto, por exemplo, vai fazer do mundo um lixo; que a publicidade tem o puro intuito de vender: não precisa comprar a ideia.
Assim, resumo aqui minha percepção do mundo: estamos em liberdade vigiada.
Mas existe uma saída. Estamos a poucos passos da liberdade plena. Quando soltarmos os nós mentais impostos por um mercado que só precisa girar, aí então seremos homens livres!
Livres de qualquer padrão invisível, de qualquer preconceito banal. Neste dia, sairemos de pijama ou até nus pelas ruas cantando e gritando o sentimento mais puro que nos tomará por completo: o indescritível momento em que iremos tão somente SER.

¹ O musical de todos os tempos.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Era uma vez...

Uma menina quase jornalista [a beira de uma séria explosão de nervos] que resolveu te contar uma historinha...

Veja o que acontece.
Sou parte da classe que eu tenho a impressão de ser considerada a pior entre os professores. No que diz respeito ao jornalismo, dificilmente eu consigo identificar aquela veia, aquela curiosidade aguçada, aquela sede de notícia, aquela precisão dos fatos. Na minha sala, especialmente entre os meus amigos, eu vejo mais artistas do que jornalistas. Isso deve irritar profundamente um corpo docente já cansado da bagunça acadêmica que mais parece uma repartição pública mascarada. Imagino que todos eles já foram parte de uma geração questionadora e visionária (ou não), mas pelo menos, esperavam mais de nós. E isso me magoa um pouco. Fico me perguntando se eles deveriam deixar isso explícito para nós; se deveriam deixar transparecer sua braveza, insatisfação, as vezes até traduzida em forma de grosseria desnecessária.
Outro dia faltei da aula de segunda e, justamente nesta aula, o professor esbravejou e deixou claro que a matéria que estávamos, supostamente, produzindo, deveria ser entregue na próxima aula (essa segunda-feira que acaba de passar). Mas, na minha cabeça, por alguma razão, eu tinha certeza de que era só para a outra segunda ainda. Desesperada, no fim de semana, mandei um email pra ele expondo toda a minha confusão, dúvida e preocupação com relação a isso. Pedi, encarecidamente, para entregar na semana seguinte.
Na minha caixa de entrada, nada. Na aula seguinte (anteontem), nada. "Ele não leu", deduzi.
Só que para minha surpresa e posterior frustração, ele tinha lido.
No início da aula, ele exigiu que a metade da sala que não tinha a matéria pronta, fizesse até o fim da aula. Fui então dizer pessoalmente o que tinha escrito no email e mais algumas observações:

_ Não tenho como te entregar isso hoje, não vai ficar bom. Essa exigência sua parece uma indução à invenção de fontes, ou ao plágio de algo na internet.
_ Não, de maneira alguma - respondeu ele, sarcasticamente.
_ Bom, então eu posso entregar segunda que vem? Aliás - finalizei, achando que ele não tivesse visto meu email - pensei que fosse pra semana que vem.

E sabe o que ele fez? Ele riu, ironizou minha preocupação, ridicularizou minha confusão e me chamou de desinformada:

_ Rossi, leia novamente seu email, eu ri muito quando li - E NÃO RESPONDI, ele poderia acrescentar - Está muito confuso. Você tenta defender uma causa, mas não tem informação alguma, não tem sentido algum. (Com uma cara de "nossa, você viajou!")

Aquele ar risonho e provocativo promoveu fumacinhas na minha cabeça. Quase fez escorrer lágrimas nervosas de mim.
Corri reler meu email. "Meu deus, será que digitei alguma coisa totalmente errada, na pressa?!"
E vi que digitei. Errei feio.
Uma gafe gravíssima, eu diria, que só pude notar depois daquele diálogo esclarecedor: Por um instante de pura insanidade mental, juro que cheguei a pensar que poderia conferir a ele minha bagunça, meu fracasso, minha realidade momentânea, na esperança de obter em retorno, sua compreensão, sua tentativa de organizar minha mente caótica universitária, na posição de mestre que ele ocupa.
Mas, para minha decepção e aprendizado, ele não queria me entender, não quis nem por um segundo saber quem eu sou.
Aí que eu errei. Ele só queria que o prazo fosse cumprido, o cronograma robótico seguido e nada mais.

terça-feira, 5 de maio de 2009

um começo e um brinde

Penso que se não for loucura, então o amor não é capaz de ser. Mas sempre que é louco, é também impossível. Toda vez que as veias precisam salientar os pescoços para defender uma ideia, talvez esse sentimento esteja descompassado. E assim, oficializa-se uma confusão amorosa.

Affe... que complexo!
Vou deixar esse início de pensamento em água morna para desenvolver num outro momento.
Juro, estou exausta, mas não poderia deixar de digitar estas palavras que estavam fervendo em minha cabeça.

ps.: pra não se fazer tão inútil esse post, um vídeo colorido e alegrinho que eu adoro ;)
http://www.youtube.com/watch?v=49esza4eiK4