Quando no frio me encolho e revivo a frieza das mãos, a contração do espirro e a rigidez dos pés gelados, eu travo.
Sou domada pelos ossos contidos, pelo descontrole do corpo, pelo escancaramento do pescoço entregue à falta de um cachecol.
Sempre que fria, me dou por vencida, congelo no espaço e meço meus passos com medo da dor.
Estática, refém do externo e de braços abertos, me entrego ao incerto;
Acabo desviando prazeres, relembrando calores e, enfim, prometo controle.
Sinto o uivar dos ventos, tento desvendar o que dizem, temo jamais traduzí-los e volto-me então a mim mesma.
Sei o que falam, sei o que devo, sei o que quero, mas tudo esfria quando chego perto.
Já sei a que vim, talvez saiba até o fim, mas esse vento me distrai e me impõe o inverno.
Esse vento corroi; leva aonde bem quer levar.
Quando deseja é manta, é pêlo, aconhego. E quando aborrece, se faz puro gelo a me paralisar.
4 comentários:
Geladamente poético! rs
Parabéns!
Brrr... Muito legal, MMT! Eu gosto muito do frio... E o que é o que é, na goela gela, na lapela mela, na vela degela, mas ninguém dá trela?
Resposa: sorvete de berinjela
Aaaaiiii...
Beijos!!!
Lola
me parece que é nessa prosa poética que voce consegue expandir seu potencial
pra mim, isso é simples e ao mesmo tempo dificílimo.
simples, porque é expressão de nossa alma. Dificílimo, justamente por se tratar de algo como alma (coração) e um conjuntinho de palavras que se esforçam pra tentar refletir , construir algum significado.
confesso que cada vez que leio uma texto seu dessa natureza, sinto-me como uma criança contemplando um céu azul, um arco íris, admirando-se, e ao mesmo tempo sem conseguir explicar....poesia, vida, coração..essas coisas que tocam fundo na gente e explicar seria uma tragédia..
sinto, e já disse isso a vc em outra ocasião, que vc possui um pensamento poético, que não é esse pensamento corrompindo pela racionalidade fria que trava nossos sentimentos e consequentemente nossa experiência como seres humanos...esse pensamento poético que nada mais é que aquela voz que vem de dentro, que muitas vezes nem nós mesmos entendemos..mas que vem de dentro e o poeta, num "surto" de inspiração consegue traduzir em conjunção de palavras.
parabéns, mais uma vez, por criar (permitir) isso que é unico, verdadeiro e bonito.
abraço do seu fã
Lola
o nome do vídeo é "the story of stuff"
tem esse link no youtube, que está legendado:
http://www.youtube.com/watch?v=o2HQ8fcWZB4
caso não consiga por esse link, pelo título vc encontra em outros lugares.
abração
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