Os números me apontam precisão, coisa que não me apetece.
Esse maldito relógio, o cuco ancestral que vem viajando gerações pela família, não pára um segundo sequer de ciscar o tempo, de me lembrar do tempo.
A realidade implícita no silêncio da noite, enquanto a rua silencia e é entregue a deus dará.
As nostalgias passeando pelas prateleiras de meus pensamentos hiperativos; as ideias borbulhando em mim, aguardando o tal do futuro - que nunca consigo alcançar.
O desespero que hoje assombra e que me arruinará de saudades.
O passado que é todo saudade, sendo bom ou ruim; que é indefinido, irregular, gosmento e embaçado.
Vai entender.
E pra que entender? Tempo é código que não se deve querer decifrar; deve-se sequer pensar; manter distância, ainda que se viva em seu ventre, dentre seu sangue e suas pulsações fulgazes; esquisitas.
Pra falar de tempo é necessário ter tempo. Infelizmente, ninguém o tem.