Sou uma dependente.
Já assistiu o filme Clube da Luta? Tyler Durden me chamaria de fracassada.
É ele o autor da frase: "as coisas que você possui acabam te possuindo."
E elas, realmente, são donas de mim. Sou delas.
Pertenço ao meu celular, ao meu celular quando avisa a chegada de uma msg, às pessoas que eu amo, aos elogios que recebo, às ligações telefônicas que espero, ao doce que me sacia a gula, à roupa que me traduz para o mundo. Dependo até do sorriso de um gari. Ao me entregá-lo, aquele homem comum me prova que posso esperar o bem em qualquer canto.
Enfim, depender é fácil. Todo dependente químico está, superficialmente, bem enquanto tem sua dogra por perto. Difícil é a abstinência. Difícil é admitir seu fracasso, sua insuficiência, sua carência. Doi, machuca, sangra por dentro.
Enquanto você está com um cara, por exemplo, ele te ama, ele te supre. As mensagens diárias antes de você dormir são, praticamente, pílulas contra insônia: "Ah! Agora posso dormir, sei que está tudo certo. Sou amada". A presença dele então, quase um anti-depressivo vital.
Mas aí, ele acaba, como um fluido que se esgota num frasco. E deste frasco, não há mais nenhum outro em nenhuma outra farmácia. Pode procurar traficantes, ninguém nunca ouviu falar nesta droga. Até já ouviram, mas não têm pra vender.
É o fim da linha. E as sombras do mundo estão atrás de você. Não há mais droga pra tranformá-las em flores. É tudo por sua conta. Ou se joga, ou se entrega.
É quando você olha pra si e se vê completamente nua, totalmente exposta à todas as dores e sem a sua droga para anestesiar. Sem o seu antídoto para alegrar. Você está ali, sozinha e sem mais ter ao que e a quem recorrer.
É profundo, é surpreendente, é químico, físico, biológico, é real.
É como se você estivesse admirando a vista de um penhasco e, sem nenhum ruído, alguém chega e te empurra. Mas você vestia um paraquedas. Só tem que decidir se vai puxar a cordinha.
Já assistiu o filme Clube da Luta? Tyler Durden me chamaria de fracassada.
É ele o autor da frase: "as coisas que você possui acabam te possuindo."
E elas, realmente, são donas de mim. Sou delas.
Pertenço ao meu celular, ao meu celular quando avisa a chegada de uma msg, às pessoas que eu amo, aos elogios que recebo, às ligações telefônicas que espero, ao doce que me sacia a gula, à roupa que me traduz para o mundo. Dependo até do sorriso de um gari. Ao me entregá-lo, aquele homem comum me prova que posso esperar o bem em qualquer canto.
Enfim, depender é fácil. Todo dependente químico está, superficialmente, bem enquanto tem sua dogra por perto. Difícil é a abstinência. Difícil é admitir seu fracasso, sua insuficiência, sua carência. Doi, machuca, sangra por dentro.
Enquanto você está com um cara, por exemplo, ele te ama, ele te supre. As mensagens diárias antes de você dormir são, praticamente, pílulas contra insônia: "Ah! Agora posso dormir, sei que está tudo certo. Sou amada". A presença dele então, quase um anti-depressivo vital.
Mas aí, ele acaba, como um fluido que se esgota num frasco. E deste frasco, não há mais nenhum outro em nenhuma outra farmácia. Pode procurar traficantes, ninguém nunca ouviu falar nesta droga. Até já ouviram, mas não têm pra vender.
É o fim da linha. E as sombras do mundo estão atrás de você. Não há mais droga pra tranformá-las em flores. É tudo por sua conta. Ou se joga, ou se entrega.
É quando você olha pra si e se vê completamente nua, totalmente exposta à todas as dores e sem a sua droga para anestesiar. Sem o seu antídoto para alegrar. Você está ali, sozinha e sem mais ter ao que e a quem recorrer.
É profundo, é surpreendente, é químico, físico, biológico, é real.
É como se você estivesse admirando a vista de um penhasco e, sem nenhum ruído, alguém chega e te empurra. Mas você vestia um paraquedas. Só tem que decidir se vai puxar a cordinha.