quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Girando 180º

Sempre fui aquela menina mais engraçadona da turma; a mais desencanada e a amiga de todos - para quem os meninos desabafavam seus amores, as meninas ligavam na magrugada, essas coisas.
Na família, a neta mais risonha, a boazinha, a tranquila.
Comumente, sou daquelas que, numa viagem de 14 horas, capota no primeiro segundo e acorda no último, meio assustada, sem saber onde está, como se tivesse acabado de voltar de uma outra dimensão. Além disso, não sou daquelas que, numa situação de desespero, perde o apetite. Quando estou mal, detono a geladeira. Não há preferência entre doces e salgados, adoro tudo que tenha sabor agradável. Acho que decorrente disso, meu peso já variou horrores entre infância, adolescência, quase adulta, semi adulta e etc.

Entretanto, me encontro num momento talvez inédito da minha vida. Percebi, porque NUNCA isso aconteceu comigo: estou tendo insônia, as borboletas não param de se debater no meu estômago, estou ansiosa, num constante "frio na barriga".
E o mais inacreditável: não estou tendo fome!
Isso, acreditem, é no mínimo, assustador. Não me reconheço agora.
Mas tenho certeza que, assim que me reconhecer nesta fase de prazos e despedidas, saberei dizer ao certo quem sou, a que vim, como é meu apetite e meu metabolismo com relação ao sono.
Tudo está mudando... Do futuro, que será?



Beijosenãotemammudanças!

domingo, 8 de novembro de 2009

Minha defesa.

Tá bom. Resolvi que é bem melhor não ignorar o fato de que, de repente, têm muita gente vindo visitar esse meu cantinho virtual que tinha, há dois dias, pouquíssimos (e muito fieis) seguidores.
Na verdade, queria que vocês me falassem exatamente o que foi que aconteceu. Entrou pra alguma lista de indicações do Blogger.com, é isso?

Sobre o que alguns chamaram de marasmo, outros de TPM, minha explicação: sim, eu estou passando por um turbilhão chamado TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) e mais uns probleminhas aí que, na verdade, me levam a batizar este como um daqueles momentos TUDO ESTÁ ACONTECENDO COMIGO AO MESMO TEMPO, sabe? Portanto, me perdoem e não desistam de mim. Já já isso passa. Isso tem que passar.

estaremos curados muito em breve, juro!

beiiiijosenãosubestimemodomingo!

sábado, 7 de novembro de 2009

Apatia

Estou sentada agora. Ao meu redor, milhares de objetos inanimados, vazios de vida, carentes de impulso. Assustadoramente silenciosos.
O grampeador sequer move o olhar, os cadernos equilibram-se fortemente um sobre o outro, o copo nem chega a se incomodar com o resto de suco que impede a transparência de sua visão.
Ele está agora opaco e nem liga.

Eu não. Sou toda sangue, pulso, movimentos involuntários.
Mas sou apática também. E o dia, meus caros, está de mal comigo.
As crianças gritando na rua hoje, não me provocam admiração pela liberdade tão típica de suas idades. Me causam irritação e só.
O trânsito, nem me inspirar a escrever sobre o caos, me inspira.
Estou febril. Sabe quando tudo te doi? Estou morna e a qualquer toque, calafrios profundos.
Hoje, o ideal seria não ser.

[quero um canto no meio da rua.jpg]

de qualquer forma, beijosdocesemcadamaçazinhadorosto!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Todas as coisas

Postei o texto anterior só pra dizer que postei.
prontofalei! (adoro essa giriazinha)

É que, sei lá, a ansiedade tá rolando forte esses dias.
Acho que tava me incomodando toda aquela estática aqui.
Está sendo uma madrugada produtiva. Aqui no computador, agora Codinome Beija-Flor, mas já rolou Grease, Elis Regina, Caetano Veloso e Beatles.
Noite dos clássicos. Noite de todas as coisas.

quero um pouco de tudo de todas as coisas do universo

(mais um post inútil, talvez. perdoem-me, mas estou seguinto meus instintos, MINHAS vontades. disseram que eu deveria aprender isso com os homens pra viver mais e sofrer menos)


Observem como Danny Zuko é feliz vivendo por seu próprio umbigo...

beijoemcadabochechinharosada!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Água

Sempre soube que se tomasse água, minha pele ficaria mais bonita, meu intestino funcionaria melhor, eu teria menos celulite e todos os meus órgãos seriam eternamente gratos.
E sempre relutei e ignorei esse fato também.
Adoramos nos boicotar.
Neste exato momento, estou com uma garrafa de meio litro de água em mãos, venho tomando bastante há alguns dias, quase um mês, acho.
Não é que minha pele está melhor, meu intestino, meus órgãos e tudo em mim tem estado mais vivo?
Quando a gente resolve se ouvir e seguir toda a nossa sabedoria interna que teimamos não dar ouvidos, as coisas, simplesmente, dão certo.
Acho que tememos as coisas tão simples e certas...
Temos pavor de substâncias e sentimentos que nos trazem bem-estar porque precisamos nos perder entre os dias mais pesados que é pro tempo passar, talvez.


Enfim, de vez em quando, só pra variar, vale a pena beber água, ser feliz, se sentir bem, olhar pro céu pela janela, sorrir, ficar em estado de graça...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Dependência múltipla

Sou uma dependente.
Já assistiu o filme Clube da Luta? Tyler Durden me chamaria de fracassada.
É ele o autor da frase: "as coisas que você possui acabam te possuindo."
E elas, realmente, são donas de mim. Sou delas.
Pertenço ao meu celular, ao meu celular quando avisa a chegada de uma msg, às pessoas que eu amo, aos elogios que recebo, às ligações telefônicas que espero, ao doce que me sacia a gula, à roupa que me traduz para o mundo. Dependo até do sorriso de um gari. Ao me entregá-lo, aquele homem comum me prova que posso esperar o bem em qualquer canto.
Enfim, depender é fácil. Todo dependente químico está, superficialmente, bem enquanto tem sua dogra por perto. Difícil é a abstinência. Difícil é admitir seu fracasso, sua insuficiência, sua carência. Doi, machuca, sangra por dentro.
Enquanto você está com um cara, por exemplo, ele te ama, ele te supre. As mensagens diárias antes de você dormir são, praticamente, pílulas contra insônia: "Ah! Agora posso dormir, sei que está tudo certo. Sou amada". A presença dele então, quase um anti-depressivo vital.
Mas aí, ele acaba, como um fluido que se esgota num frasco. E deste frasco, não há mais nenhum outro em nenhuma outra farmácia. Pode procurar traficantes, ninguém nunca ouviu falar nesta droga. Até já ouviram, mas não têm pra vender.
É o fim da linha. E as sombras do mundo estão atrás de você. Não há mais droga pra tranformá-las em flores. É tudo por sua conta. Ou se joga, ou se entrega.
É quando você olha pra si e se vê completamente nua, totalmente exposta à todas as dores e sem a sua droga para anestesiar. Sem o seu antídoto para alegrar. Você está ali, sozinha e sem mais ter ao que e a quem recorrer.
É profundo, é surpreendente, é químico, físico, biológico, é real.
É como se você estivesse admirando a vista de um penhasco e, sem nenhum ruído, alguém chega e te empurra. Mas você vestia um paraquedas. Só tem que decidir se vai puxar a cordinha.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

ticici

Esta é uma das variantes para a sigla maldita que atormenta todo universitário em seus últimos suspiros acadêmicos de futuros bachareis.
O tcc é o montro. Matem-no.
O tcc se agarra a nossas entranhas desde o primeiro dia da faculdade, quando os professores prevêem os desafios, lágrimas e momentos desesperadores que passaríamos agora.
Sem dúvida, nesses dolorosos e saborosos 4 anos, fui alimentando esta previsão, fui dando comida ao monstro. E ele, meus caros, foi engordando, crescendo, ganhando cabeças, olhos e até asas gigantes.
No fundo, ele é só um signo, um símbolo hipócrita que a faculdade mercenária impõe e que serve sim de aprendizado para os dispostos a aprender, mas ao passo que vejo toda a bagunça e ineficiência em inúmeros aspectos acadêmicos, um bloqueio mental vai se instalando e me dominando.
Hoje é um dia especial. Resolvi mandar minha revolta passear, o meu monstro multicabeçado tomar um banho e dona inércia calar a boca.
Sim, há 20 dias da entrega daquele cujo nome não deve ser pronunciado, comecei a escrever meu livro reportagem.
Adiante sempre!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

escancarando porque senti vontade

Tudo aqui é seu. Todo o meu redor tem seu nome. Minhas lágrimas estão pesadas de você; e minha boca inchada do seu beijo. Eu tô cansada de mim, e era você quem me fazia entender qualquer sentido. Mas não pense que morro sem você. Vivo, vou vivendo.
Vou querendo, vou crescendo, vou andando. Adoro lembrar de gargalhadas, acessos de riso por coisas nossas. Adoro mesmo. Mesmo de longe, é bom saber que isso tudo aconteceu. É bom ter certeza de que reparti com você coisas tão minhas. E é uma pena que poderia ter feito isso de forma melhor. Tenho certeza que, de algum jeito, isso vai me ajudar. E te ajudar. Que vamos nos encontrar bem melhores. Você estará cursando arquitetura e tendo um papel primordial como diretor de arte de alguma empresa; seu cabelo estará grande de novo e você estará fazendo terapia há meses: estará tentando se encontrar e me dirá que está encontrando. Quero te rever quando eu estiver com meu cabelo roxo, estrelando uma peça de teatro e morando num apartamento bem quentinho; com um rádio tocando aquela música da Capitu que você gravou pra mim [estarei dançando na cozinha ao ouví-la]. Você gravou muito pra mim. Gravou eu mesma em mim. Gravou em mim a ideia de alguém companheiro mesmo. Pretendo me espelhar em você. Tenho muito que aprender com você, meu eterno você é você. E eu sei que eu te amo muito.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Prazer, Mariana Tango

Sofri de uma gripe crônica e mortal no dia de ontem e na madrugada, principalmente.


Alucinadamente, passava a mão pelo cabelo e sentia o suor indeciso por frio ou calor, tentava respirar pelos vãos da narina congestionada, engolia saliva na esperança de sanar o ardor na garganta, girava para todos os lados e buscava ângulos incríveis naquela cama que se tornou uma tortura horizontal na noite passada.
Sonâmbula, tentava tragar para dentro a calmaria da noite que era silêncio. Só ela seria capaz de apagar meu incêndio, minha inquietação, minha gripe fulgaz.
Digo fulgaz porque acordei renovada. Saltei da cama como quem desperta para uma viagem ao Caribe. A manhã se fez reluzente, coberta de luz amarelada no céu e minha cama, tormento durante a noite, se tornou templo de minha alegria matinal. (É claro que, publicidade gratuita a parte, me entopi de benegripe e do melzinho com própolis milagroso de espirrar na garganta)
De qualquer forma, sabe aquele torcicolo postado aqui embaixo a umas 24 horas atrás? E essa gripe intensa e efêmera que me fez viver e sonhar um pesadelo real na noite anterior?
Tudo isso foi levado a não sei onde com o vento da instabilidade que me consome por inteiro.
Hoje, analisando os fatos relatados neste espaço virtual, sempre tão cheios de devaneios intensos e dores profundas, percebi que meu pai tem toda razão.
Lendo minhas inquietudes, revoltas e inconformações com a rotina mundana (sempre seguido de um depoimento polianês cheio de amor pela vida) tive a certeza que ele, meu pai, realmente sabe mais de mim do que eu mesma.
Outro dia, enquanto eu ria logo após uma declaração feita aos prantos de que minha vida não tinha sentido, ele soltou essa: "Mariana deveria se chamar Mariana Tango."
Ri:
- Tango?
- Sim, você é um tango.
Nunca alguém teria me definido tão precisamente. Quer dizer, já sim. Ele mesmo sempre sabe me dizer quem sou das formas mais inusitadas e deliciosas...
É daí que vem aquelas ideias de que o nosso pai é sempre o melhor do mundo! Realmente, não poderia haver ninguém mais perfeito pra me lançar à Terra.


sinta o drama...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Torcicolo

7:00. Acordei: ótimo, vou mais cedo ao trabalho. Sentei na cama, estiquei-me até ouvir os estalos dos ossos, levantei. Andei até o banheiro – xixi matinal. Chuveiro, sabonete e a sensação de limpeza. Enxugação, pensamentos borbulhando longe dos pés sendo enxutos. Em frente ao espelho: hidratante corporal nas panturrilhas ressecadas. Ao primeiro passar do pente nos cabelos embaraçados, CLEC. O torcicolo que me torturaria pelo resto do dia.

O peso das preocupações me fazendo atentar a ele, e não a elas.
Elas, me lembrando de que não valem nada.
Eu controlando minha fúria e treinando minha capacidade de meditação cotidiana.
O pescoço refletindo e queixando minha falta de organização mental.
Os pensamentos rindo de mim.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

conforto plástico

já adquiri um ódio pelas sacolas há algum tempo. não, eu nunca lembro de pegar uma das várias sacolas ecológicas que têm aqui em casa pra levar comigo nos lugares. mas isso tem mais a ver com o fato de eu não ser uma pessoa nem um pouco precavida (péssimo e excelente; meu céu e meu inferno). enfim, vivo saindo da padaria equilibrando saco de pão, garrafa de refrigerante, pacote com mussarela e copo de requeijão com minhas duas únicas mãos.
percebi que não morreria de falta de conforto um dia que me aventurei a pegar tudo sem sacola e, surpreendendtemente, eu não morri. foi da loja pro carro e do carro pra casa. não doeu, nem nada. eu juro! (quem anda de ônibus ou a pé com mais frequência, tem que se esforçar mais pra lembrar das ecobags, né...e para os que andam de carro e querem um mínimo de conforto, é legal andar com uma caixa de papelão no porta malas, ecobags pelos bancos de trás, essas coisas...)
Continuando... quando não consigo fazer a mocinha do caixa entender que eu NÃO PRECISO DE SACOLINHA PLÁSTICA PRA POR UMA CARTELA DE NEOSALDINA, me dá até vontade de chorar. sinto um asco só de pegar naquela sacola e de pensar na sua inutilidade, especialmente, numa situação como essa.
Mas a partir de hoje, meu desprezo infinitou e quero compartilhar. Descobri o absurdo em números:
* Anualmente, o mundo todo consome 500 bilhões de sacolinhas plásticas, o que significa um consumo de 1 milhão por minuto. E o problema mesmo é que elas são feitas de um plástico que não se desfaz com o tempo, ele fica pelos aterros sanitários, oceanos, rios, riachos, chão, rua, lixo, esgoto por mais de 100 anos.

* A cada milha quadrada de oceano, existem mais de 46 mil detritos de plástico e, anualmente, eles causam a morte de 1 milhão de pássaros marinhos, 100 mil mamíferos aquáticos, entre outras espécies.
Fontes

Ministério do Meio Ambiente

Programa Ambiental das Nações Unidas (Unep, na sigla em inglês)

Será que podemos pensar melhor se o conforto é realmente mais importante que o destino de nossa espécie na Terra?

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

bobagem quase matinal das 00:53 da matina

sou um átomo borbulhante
ínfimo, explosivo, gigante, mortal e brilhante

sou uma esquisitice humana
aberração, gritaria, sujeira, a calmaria de um mantra

sou a beleza divina
lotada de organização interna, veias fluídas e órgãos pulsantes

sou a embalagem da coca
recheada de mentiras, sustentada por ilusões, de felicidades efêmeras

sou o pranto do velório
um escape pras lamúrias, uma fuga da rotina, a tristeza passageira e profunda

sou um milhão de eus
e em todos eles, sou apaixonada por ser e estar

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Yellow Submarine ~

Hoje eu tô com vontade de ser AMARELA.

radiante
....................inspiradora

..........................................entusiasta

....................................................................>>>>

............................................fabulosa

....................brilhante
intensa

quero sair do carro ao som de tears dry on their own vestida de Brigitte Bardot da cabeça aos pés e, no banho, vou berrar here comes the sun - dos queridinhos beatles.

eu sou o -'- sol -'-

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Contando até 10


Meu problema hoje é com as pessoas mau humoradas. Não vou dizer que sou bem humorada o tempo todo, mas me esforço sim para que os outros se sintam bem ao meu redor.
Outro dia, vendo um livro indicado pela minha psicóloga, Parceiros Invisiveis, li uma coisa muito interessante: a ponte entre nós e o mundo externo se chama persona. Ou seja, aquele sorriso amarelo que você se sente na obrigação de despejar aos outros, mesmo quando você está furiosa(o) por dentro, faz parte desta persona. Ou, quando você muda completamente o jeito de falar para atender uma pessoa estranha ao telefone. No geral, é a forma como você é com os outros. Não é falsidade, mas uma máscara saudável (E NECESSÁRIA) que todos nós vestimos para facilitar a convivência em sociedade.

Voltando ao mau humor.
Neste mesmo livro, li muito sobre nossas projeções e sobre como nós vemos nos outros o nosso próprio reflexo. Interessante, não? Pois bem, acho que isso significa dizer que aquele mala que chega bufando às 8 horas da manhã em qualquer lugar, se acha a pior das criaturas. Sim, porque pra essa pessoa, NADA está bom e no devido lugar. Até o sol aparece em momentos inoportunos.
E ficar do lado de alguém assim é um saco! (me perdoem o termo)
É que estou desconsertada, incomodada, inconformada e profundamente irritada com esse mau humor que tem vivido tão próximo de mim.
Sabe, vai fazer yoga, vai entender que mesa, papel, porta e impressora são tão inúteis quanto viver pra reclamar. Olhe mais pra dentro, pelo amor de deus! Sei lá, faça alguma coisa, mas não me atire sua raiva do mundo e de você - tô aqui quietinha buscando paz interior.

Juro, não desejo pra ninguém essa proximidade de um humor tão mau.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Abstração de mim.

Quero um espaço entre os devaneios pra saber quem sou eu. Quero uma sacola vazia de consumo pra descobrir o que preciso. Quero uma TV carente de tela pra entender o que eu quero. Quero um jornal de letras borradas pra compreender o mundo. Quero uma vitrine lotada de espelho pra me ver de verdade. Quero o trânsito com buzinas mudas pra ouvir minha alma. Quero um semáforo incolor pra descarregar minhas cores. Quero a conta bancária repleta de ar que é pra eu entender o sentido. Quero um trabalho sem horário pra eu fugir sem aviso. Quero meu quarto sem chão que é pra eu construir estruturas. Quero meus pais livres de filhos pra eu conhecê-los a fundo. Quero a vida sem mim pra que eu corra pra vida.
.
.
.

piscinamagica.jpg

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

francisca.

O vento fazia as árvores dançarem e o céu azul era riscado por nuvens leves, brancas e vagas. Francisca comandava seu carro ao som de música das boas tocando no rádio – “Vivendo um milagre!”, comemorava.
Ela cantava e pensava no quanto a vida teria se reinventado pra ela. Quantas mudanças em tão pouco tempo – poucos pacotes de 365 dias lhe trouxeram responsabilidade, namorado, amigos gays, faculdade, bares, filmes, liberdade e videokês. Na verdade, passava o dia refletindo sobre todas as coisas, mas nesse dia ela pensava sobre metamorfoses comportamentais do tipo.
Seu balãozinho de pensamento foi então subitamente rompido pela voz estridente de algum locutor. Ele berrava promoção para concorrer a um passeio com os caras do NX Zero. Francisca pensou: “Quem quer conhecer esses caras? Até sei cantar uma canção ou outra, mas... Conhecê-los pra quê?”
Ela já sabia da existência de uma indústria cultural; já tinha estudado o revoltante do mundo e seus castelos de areia sobre ídolos de plástico já haviam sido todos muito bem enterrados.
Francisca via os “franjas pro lado” na rua e aquele drama existencial ambulante lhe promovia subidas de sangue à cabeça. Indignava-se com a prima de 15 anos que queria emagrecer a todo custo, mas sem academia e sem fazer dieta (Ah, meu deus!). Assistir, por 5 segundos, um episódio de Barney na TV era a concretização do fim dos tempos pra ela.
Entretanto, aquela gritaria no rádio sobre a chance imperdível de conhecer o NX Zero levantou escadarias de reflexão em seu percurso.
Ela lembrou do Brian - o queixudinho dos Backstreet Boys - e em como ele era lindo, as músicas eram emocionantes, os CD’s eram mágicos. A cada lançamento, uma nova surpresa deliciosa.
Riu sozinha relembrando das tardes infinitas de dublagem das Spice Girls e em como ela adorava ver o filme delas. Francisca não conseguia mais assisti-lo por 10 minutos! Backstreet Boys, hoje, estão velhos e, cantando, lhe dão náuseas.
Francisca imaginou então suas primas que, naquela época, deveriam estar brindando os 20 e, em como aquele amor pelas Chiquititas devia soar irritante.
Pensou nos velhinhos rabugentos e percebeu que eles não vão entender mesmo “Por que essa gente viaja tanto?!” ou “pra que tanta tecnologia?!”, seguidos sempre de “no meu tempo...”.
Francisca, simplesmente, riu. Tudo se encaixou e passou a fazer mais sentido.
O planeta não está de ponta cabeça e os desenhos animados não perderam a graça. Francisca cresceu.
Ela olhou ao redor e viu que parte desse crescimento é entender que a superação dos anos acontece pra cada um num único ritmo. Eles vêm e eles vão. Espalhando 15 anos enquanto espalham 87. Despejando inseguranças adolescentes enquanto derramam experiência e superação.
Concluído o raciocínio NX Zero, Francisca voltou à direção e mudou o pensamento para como ela precisa ser mais atenta ao trânsito.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

estação

Quando no frio me encolho e revivo a frieza das mãos, a contração do espirro e a rigidez dos pés gelados, eu travo.
Sou domada pelos ossos contidos, pelo descontrole do corpo, pelo escancaramento do pescoço entregue à falta de um cachecol.
Sempre que fria, me dou por vencida, congelo no espaço e meço meus passos com medo da dor.
Estática, refém do externo e de braços abertos, me entrego ao incerto;
Acabo desviando prazeres, relembrando calores e, enfim, prometo controle.
Sinto o uivar dos ventos, tento desvendar o que dizem, temo jamais traduzí-los e volto-me então a mim mesma.
Sei o que falam, sei o que devo, sei o que quero, mas tudo esfria quando chego perto.
Já sei a que vim, talvez saiba até o fim, mas esse vento me distrai e me impõe o inverno.
Esse vento corroi; leva aonde bem quer levar.
Quando deseja é manta, é pêlo, aconhego. E quando aborrece, se faz puro gelo a me paralisar.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ah... Os clichês

Por sua própria definição, são redundantes.
Alguém aí adora se flagrar num momento absurdamente esperado e, portanto, ridículo? (se debulhando em lágrimas durante Marley & Eu, por exemplo, ou dizendo pra sua amiga que acaba de romper o namoro, que isso vai passar?!)
Jesus amado... Eu, pelo menos, me sinto a mais óbvia das canetas coloridas e me auto-irrito até com o som da minha voz vomitando aquele mantra purgante ou chorando com aquelas cenas programadas pra arrancar emoção.

MAS, mesmo assim, não temo e me sinto necessária ali dizendo aquele clichê que pode ser a salvação para aquela pessoa, sim senhor! Também me sinto livre podendo chorar e me permitindo dissipar emoções numa sessãozinha da tarde.
É uma pena para os clichês esse rótulo que lhes foi instituído quando, na verdade, o clichê nada mais é que uma coisa repetida TANTAS vezes, que se torna banal, chata e previsível.
Mas por que raios eles foram ditos e adotados e vividos e morridos por tantas vezes assim? Nos questionemos, pessoal! Alguma coisa eles causam de bom.

Creio que a vida seja o maior clichê do mundo. Isso é fato pra mim. Engana-se quem pensa que estou aqui resmungando o monótono da vida. É o oposto!
Venho compartilhar esse pensamento que me acompanha há anos, mas sempre aqui dentro: Clichês são maravilhosos! São as receitas que tanto pedimos a deus, ou seja lá quem for o responsável por essa geringonça universal.
Esqueçam a questão pejorativa da coisa. Pensem com exclamações (vamos ver se facilita):
A VIDA É UM CLICHÊ! Uhuul

Isso significa dizer que existe sim, algumas receitinhas básicas que os seres humanos foram criando enquanto iam e voltavam desse planeta estranho e cheio de sentimentos tão parecidos.
Um clichê, meus caros, pode ser um milagre humano – uma luz mundana e poderosa.
Não tô aqui falando de filmes ou produções do Didi Mocó, tá?! Muito menos dos romancites sem água e nem açúcar. E muito, mas muito menos sobre as crenças católicas (sem ofensa nenhuma) - são parte de um outro gênero de clichê, vai.
Estou aqui falando dos clichês existenciais. Aliás, vou aproveitar e pedir pra que, juntos, a gente não permita que essa lista que se segue, se banalize mais ainda – vamos torná-los mantras da transformação dignos de muita reflexão.


Acreditar em você. (básico e essencial!)
Não importa o que esteja passando, ter a certeza de que isso vai passar. (porque, de fato, VAI passar – e essa certeza muda tudo)
Ou aquelas coisas de: tropeçar e ter que encontrar forças pra levantar, sabe? (quer maior verdade que essa?)
Um dia você vai entender seus pais e ver que eles tinham razão em tantas coisas (e blá blá blá – aos 22 anos, já começo a acreditar neste)
Você reclama agora, mas vai sentir falta da faculdade (pois é, esse eu sei)
Falta deus no seu coração (nossa, esse é muito irritante de se ouvir – mas quando se ouve...)
A felicidade não está nos objetos e bens materiais, mas dentro de você (VAI, PROCURE!)
O orgulho só atrapalha e a maldade faz mais mal a quem a “destila”. (ahann)
Faça para os outros exatamente aquilo que gostaria que fizessem a você (se o mundo todo ouvisse esse. Já imaginou?)

E por aí vai...
Em defesa desses verbetes redundantinhos eu te peço: dá uma chance ao clichê, tá?
(Alguns) deles podem nos dizer muita coisa!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

vem de longe o cheiro de vida
engraçado, estando ela dentro de mim
dentro e fora de mim, onde está também a morte

aqui vive o deus e o diabo
deuses pouco altruístas e diabos solidários
tem de tudo dentro de mim
dentro e fora de mim
existem lagos distraídos e larvas em ebulição
há o sorriso profundo e a dor transcedental
em mim, consta o prazer
a abstinência de mim mesma
e o mergulho intenso em todos meus mares

terça-feira, 7 de julho de 2009

verdana, 11.

a inspiração me acena de longe
a vontade, quase tombando pro lado
eu aqui, na inércia do teclado
textos rimados irritam
até por que eles, de fato, não existem
são coca-cola vestidos de felicidade
de perfeição, de prazer instantâneo
o real é disconexo e, por vezes, irreal
na piscina de coca-cola, eu me sinto tão mal
de repente, encontrei um poço
e nele só água mineral
que legal
agora posso ser normal
ual
isso é animal

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sopa pro Azar

Dá até medo de escrever essa palavra.
Vai que ela resolva grudar em mim, né?
Hoje eu vi uns caras consertando alguma coisa em cima de um poste e lá estavam eles, pendurados naquele instrumento comprido e duvidoso chamado escada - bem ao lado do meu carro, de forma que eu teria a opção de passar por baixo dela ou dar a volta ao seu redor.
Bateu então a dúvida e uma fração de minha personalidade foi repensada: afinal, eu não sou mesmo supersticiosa? Será que nem um pouquinho?!
E só reforcei o que já sabia: "Não, nem um pouquinho, com toda certeza." Fui logo fazendo o percurso mais rápido por debaixo daquele aglomerado de pauzinhos (bem firmes, espero).
Não consigo ver numa escada indefesa, e até bastante funcional, sua capacidade de formular situações para que algo tão subjetivo como o azar entre em ação.
Na verdade, me perdoem, não fiz uma pesquisa sobre a superstição e sua origem, mas leigamente falando, digo que pra mim, azar se atrai passando por baixo de outras coisas e vivendo próximo a situações mais negras que os gatos mais negros do mundo juntos.
Para pegar um atalho rumo ao azar, se esquive das responsabilidades, desvie de verdades dolorosas e fuja de si o tempo todo - não tem erro, praticamente uma receita de bolo!
É esnobando problemas que se mergulha completamente neles; é evitando a vida que se vive o mais doloroso dela.
Estamos imersos num misto de azar e sorte.
Ora feliz, posso dizer que sou sortuda, a maior do mundo. Ora nefasta, me rendo ao azar e vivo tormentos.
A vida é uma cadeira de plástico curvilínea e escorregadia que nos obriga a vigiar nossas próprias posturas o tempo todo - que é pra não deslizar, pra não cair.
E ninguém pode manter a postura ereta por mim. É sempre um jogo do eu sozinho. Sou sempre eu com as minhas costelas.
Podemos lamentar e rir juntos (o que é ótimo e vive de bem com a sorte), mas sempre serei responsável pela minha cadeira.
E você pela sua.
O pobre do gato preto não tem nada a ver com nossas escolhas.
Aliás, ele é lindo, exótico, arisco. Um belo animal.
Portanto, tome tento à sua cadeira, por favor!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Irreal, de verdade.

Ontem, 8 homenzinhos engravatados resolveram que, para informar os acontecimentos do mundo para o Brasil inteiro, não é preciso estudar absolutamente nada além das pertinentes aulas do ensino médio talvez (para que, pelo menos, se conheça o alfabeto, eu acho. E claro, todas as mitocôndrias imprescindíveis para a formação de qualquer cidadão).
Ou nem isso, já que no ensino médio está cheio de estudantes que deveriam estar no primário, mas que graças à educação continuada, já estão prestes a poderem ser grandes jornalistas!

Alguns dizem que nada vai mudar. Que as grandes empresas de comunicação continuarão a exigir o alto nível intelectual de seus funcionários. Quanto às pequenas... Bom, as pequenas são uma outra história. Essas adorarão pagar quanto bem entenderem a qualquer cara boa pinta disposto a ganhar seus 5 minutinhos de fama, evidência e todo aquele glamour que não sei onde vêem no jornalismo. Tá bom, eu sei. Nas Fátimas e nos Williams. Ok.
Chega a ser caótico imaginar como ficarão as assessorias de imprensa do governo. Tios, primos, cachorros, vizinhos e amantes de nossos ilustres governantes ganhando de aniversário cargos recheados de status e salários super flexíveis.
Mas a questão é muito maior. É dolorosamente profunda. Como disse o jornalista e professor da área de comunicação social da Uniso, João Negrão, "Isso é um retrocesso. E justo quando a sociedade vive um período tão complexo."
Muito além do diploma e do dilema que o jornalista deve enfrentar, essa questão diz respeito ao rumo da sociedade e sua integridade, que já vive um momento delicadíssimo.
E por quem essa sociedade será norteada? Por quem ela vem sendo norteada agora?
O nível de tudo está precário. E essa medida é um símbolo do desinteresse estatal pela propagação da cultura, da ética e da educação no Brasil. Assumiu-se o interesse pela intensificação da alienação, do sono profundo, do desconhecimento de tudo por parte da população. Nem a preocupação de camuflar esse interesse se faz necessário mais.
Isso é grave.
É triste, mas nos indica também que seremos nós, através de ONG's, associações e movimentos populares que teremos que nos salvar desses porcos selvagens.
Tudo isso é uma fronta!
E agora foram mexer com a voz do país.
Daqui, debaixo dos deuses, diabos e etecéteras, teremos de gritar uns aos outros que só acordando e se unindo é que poderemos esperar qualquer mudança.
[Que soe piegas! A vida é piegas... é um clichê redundante e digno de pipoca.]
O principal é não esperar mais nada desse governo embreagado pela corrupção.
Nós devemos ser o poder e nós podemos ser esse poder.

ps.: quando foi anunciada essa tragédia social, eu comemorava meu primeiro rumo ao diploma de jornalismo: acontecia a apresentação da nossa monografia para a conclusão do curso.
Pro bem, pro mal, ou pra nada, fomos aprovados com A.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Agora!

Sem mais ter o que perder, me entreguei às letras e aqui vou eu.
Contra todas as probabilidades do tempo e enfrentando todas a intempéries do momento.
Sob toda nostalgia eufórica que não cansa de se perder em mim, escrevo.
Escrevo imaginando que não será suficiente, que não mais sei traduzir a minha mente.
Vou travando guerras comigo enquanto penso, enquanto escrevo e penso, enquanto vivo e não paro de pensar. Guerras mortas, vivas, imortais - constatação opaca da visão que premedito.
[eu e meus pensamentos, sempre nós - somente nós]
Quem é você que vive na minha cabeça? Que murmura temores, amores e dores?
Que insite em lembrar do tempo, que vive a ciscar o tempo como o ponteiro dos segundos?
Quem é você, nostalgia? E qual é a sua real intenção? Me enlouquecer? Me fazer sádica, cética, morna e oprimida?
Pois saia de mim, sua gosma indefinida.
Hoje eu sou vinho, amizade e belAs monografias!

[amigo
1. Que sente amizade por.
2. Que está em boas relações com outrem.
5. Pessoa à qual se está ligado por uma afeição recíproca]

segunda-feira, 1 de junho de 2009

eu suplico, tu suplicas, ele suplica, nós suplicamos, vós suplicais, eles suplicam



não sou de pedir essas coisas, mas o caso exige reflexão.

ctrl c e ctrl v, please.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Instantâneo

Têm instantes fulgazes em que tudo parece estar nos eixos, não é?

Sei lá, é sempre no meio do caos. De repente, me vem a alegria de estar onde estou, de ter tempo e ter oportunidade de ter tempo. Eu sei que é estranho. É indefinido pra mim também. É que tive um desses instantes há pouco. Resolvi compartilhar. E assim que esse tipo de momento prevalecer novamente, retomo o blog. Prometo não desistir. E seja lá quem for você, prometa não desistir de vir aqui. Juro que assim que tiver coragem de enfrentar este teclado e todos os meus pensamentos, farei deste um canto virtual aconchegante cheio de quitutes e uma simpática mesa nostálgica recheada de bolos e chás com cara de casa da vó. Eu juro!

eu quero.jpg

terça-feira, 12 de maio de 2009

Silêncio Caótico

Ai, que loucura!
Minha cabeça virou uma avenida, uma encruzilhada sem semáfaros, placas ou faixas de pedestre. É só me deitar sob o silêncio da noite que lá vêm eles: todos os meus pensamentos ao mesmo tempo. São como uma junção de todos os meios de transporte possíveis, e capazes de buzinar, correr, acelerar e atropelar o meu sono.
Não há sinalização alguma, é acidente a toda hora; carro por cima de carro.
É uma terra perdida, lotada de coisas que se movimentam incessantemente - bicicletas, motos barulhentas, caminhões sonolentos, carros desgovernados, trens fantasmas. Tem de tudo que você possa imaginar.
As buzinas berram, escabelam e gritam, como se aquela movimentação toda [bem na hora de dormir] fosse resolver alguma coisa.
Já tentei meditação; já rezei muito; já tentei contar carneirinhos, cachorrinhos, a arca inteira. É sério, realmente pensei que contando alguma coisa imaginária, eu pudesse me distrair dos meus pensamentos – todos aqueles pesados, inconvenientes e inúteis, sabe?
Mas quando a madrugada é de tráfego intenso, o pai nosso tem dificuldade de chegar até mim. No meio da reza aparecem uns carros; os malditos que conseguem ultrapassar qualquer barreira de proteção.
É mesmo insano. A mente é uma aventura, mas uma aventura indomada por nós, seres esquisitos ocidentais.
Quem sabe consiga organizar um mantra na madrugada de hoje.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ditadura Mental

Pode parecer estranho, mas sei exatamente o ano em que gostaria de ter nascido, se não fosse em 1987 (e se eu pudesse escolher): seria em 1945. Em 60, teria 15 anos. E a partir daí, just rock, baby - minha adolescência seria brindada com o melhor do mundo: Elvis, Beatles, Diretas Já, muita rebeldia com causa, preocupação com a causa e uma pitada de Janis Joplin e toda a trupe do Woodstock.

Ah... me imagino dentre os vestidos acinturados, as TV's sem cor, o clima inédito da chegada do rock 'n roll trilhando o som daqueles anos de ebulição política, mental, mercadológica e social. Meu deus, como queria estar presente no início de tudo. A consolidação do consumismo, o império 'salve-se quem puder' capitalista. Queria ver de perto que é pra entender melhor como chegamos ao ponto em que estamos hoje.

A galera do Hair¹ deve estar se debatendo no caixão por assistir a uma sociedade tão livre que dispensa essa liberdade e corre procurar alguma barreira, que é pra não se perder eu acho. Assim, seguimos padrões de beleza; obedecemos à moda; mantemos alguns conceitos falidos de uma moral injusta; regras absurdas de certas religiões - que acreditam num deus monstruoso e assustador. Nosso corpo é despido de pressões, mas a mente é acorrentada e manca - ela acha que temos que ter para ser.
O homem nunca esteve mais livre em toda a história da humanidade: quem quiser ser gay, que seja; quem quiser gravar um vídeo fazendo cocô e mostrar para o mundo, que mostre; quem quiser ser famoso, que seja; quem quiser jogar uma casca de banana no Lula, que jogue.
Pelo amor de deus, a internet é nossa, é a pura tradução do semi-anarquismo em que vivemos.
Entretanto, infelizmente, é dirigindo seu carrão do ano, comprando os lenços do inverno e comendo os lanches do Mc Donalds, que lá vai ele: o homem se sentindo completamente dono de si.
Cegou-se para as amarras da mente; as correntes invisíveis que nos permitem caminhar até certo limite; os megafones disfarçados de beleza que nos dizem do que gostar, o que querer ser e o que querer comer.
Somos livres para ser o que quisermos, mas as revistas dirão o que devemos querer ser. Temos liberdade para ter o cabelo que desejarmos, mas a mídia dirá qual o cabelo mais bonito de se ter. O mesmo mundo que te liberta, te dará ordens discretíssimas.
E não se preocupe, para os rebeldes também existem moldes: não seguir os moldes.
Tudo bem, tá tudo certo: terão roupinhas alternativas te esperando em alguma loja do shopping.

Preste atenção! Nem estou profanando uma manipulação calculada, hein. Acredito que o mundo está assim porque é assim que o capitalismo funciona. "Dane-se o 'ser', vocês tem que 'ter'!"
Acontece que cada um pode refletir e nadar contra a maré. Pode abrir os olhos, acordar do sono profundo e entender que Mc Donalds faz mal, mesmo eles te dizendo para comer e ser feliz; que pegar 30 sacolinhas plásticas por dia para seu conforto, por exemplo, vai fazer do mundo um lixo; que a publicidade tem o puro intuito de vender: não precisa comprar a ideia.
Assim, resumo aqui minha percepção do mundo: estamos em liberdade vigiada.
Mas existe uma saída. Estamos a poucos passos da liberdade plena. Quando soltarmos os nós mentais impostos por um mercado que só precisa girar, aí então seremos homens livres!
Livres de qualquer padrão invisível, de qualquer preconceito banal. Neste dia, sairemos de pijama ou até nus pelas ruas cantando e gritando o sentimento mais puro que nos tomará por completo: o indescritível momento em que iremos tão somente SER.

¹ O musical de todos os tempos.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Era uma vez...

Uma menina quase jornalista [a beira de uma séria explosão de nervos] que resolveu te contar uma historinha...

Veja o que acontece.
Sou parte da classe que eu tenho a impressão de ser considerada a pior entre os professores. No que diz respeito ao jornalismo, dificilmente eu consigo identificar aquela veia, aquela curiosidade aguçada, aquela sede de notícia, aquela precisão dos fatos. Na minha sala, especialmente entre os meus amigos, eu vejo mais artistas do que jornalistas. Isso deve irritar profundamente um corpo docente já cansado da bagunça acadêmica que mais parece uma repartição pública mascarada. Imagino que todos eles já foram parte de uma geração questionadora e visionária (ou não), mas pelo menos, esperavam mais de nós. E isso me magoa um pouco. Fico me perguntando se eles deveriam deixar isso explícito para nós; se deveriam deixar transparecer sua braveza, insatisfação, as vezes até traduzida em forma de grosseria desnecessária.
Outro dia faltei da aula de segunda e, justamente nesta aula, o professor esbravejou e deixou claro que a matéria que estávamos, supostamente, produzindo, deveria ser entregue na próxima aula (essa segunda-feira que acaba de passar). Mas, na minha cabeça, por alguma razão, eu tinha certeza de que era só para a outra segunda ainda. Desesperada, no fim de semana, mandei um email pra ele expondo toda a minha confusão, dúvida e preocupação com relação a isso. Pedi, encarecidamente, para entregar na semana seguinte.
Na minha caixa de entrada, nada. Na aula seguinte (anteontem), nada. "Ele não leu", deduzi.
Só que para minha surpresa e posterior frustração, ele tinha lido.
No início da aula, ele exigiu que a metade da sala que não tinha a matéria pronta, fizesse até o fim da aula. Fui então dizer pessoalmente o que tinha escrito no email e mais algumas observações:

_ Não tenho como te entregar isso hoje, não vai ficar bom. Essa exigência sua parece uma indução à invenção de fontes, ou ao plágio de algo na internet.
_ Não, de maneira alguma - respondeu ele, sarcasticamente.
_ Bom, então eu posso entregar segunda que vem? Aliás - finalizei, achando que ele não tivesse visto meu email - pensei que fosse pra semana que vem.

E sabe o que ele fez? Ele riu, ironizou minha preocupação, ridicularizou minha confusão e me chamou de desinformada:

_ Rossi, leia novamente seu email, eu ri muito quando li - E NÃO RESPONDI, ele poderia acrescentar - Está muito confuso. Você tenta defender uma causa, mas não tem informação alguma, não tem sentido algum. (Com uma cara de "nossa, você viajou!")

Aquele ar risonho e provocativo promoveu fumacinhas na minha cabeça. Quase fez escorrer lágrimas nervosas de mim.
Corri reler meu email. "Meu deus, será que digitei alguma coisa totalmente errada, na pressa?!"
E vi que digitei. Errei feio.
Uma gafe gravíssima, eu diria, que só pude notar depois daquele diálogo esclarecedor: Por um instante de pura insanidade mental, juro que cheguei a pensar que poderia conferir a ele minha bagunça, meu fracasso, minha realidade momentânea, na esperança de obter em retorno, sua compreensão, sua tentativa de organizar minha mente caótica universitária, na posição de mestre que ele ocupa.
Mas, para minha decepção e aprendizado, ele não queria me entender, não quis nem por um segundo saber quem eu sou.
Aí que eu errei. Ele só queria que o prazo fosse cumprido, o cronograma robótico seguido e nada mais.

terça-feira, 5 de maio de 2009

um começo e um brinde

Penso que se não for loucura, então o amor não é capaz de ser. Mas sempre que é louco, é também impossível. Toda vez que as veias precisam salientar os pescoços para defender uma ideia, talvez esse sentimento esteja descompassado. E assim, oficializa-se uma confusão amorosa.

Affe... que complexo!
Vou deixar esse início de pensamento em água morna para desenvolver num outro momento.
Juro, estou exausta, mas não poderia deixar de digitar estas palavras que estavam fervendo em minha cabeça.

ps.: pra não se fazer tão inútil esse post, um vídeo colorido e alegrinho que eu adoro ;)
http://www.youtube.com/watch?v=49esza4eiK4

terça-feira, 28 de abril de 2009

SIMPLES ASSIM

você é aquele biscoito de polvilho murcho que resolveu comer no afobamento da fome
e a quantia exorbitante que decidiu gastar naquele tênis
você é a sessão da tarde e todas aquelas trakinas
é a saída da escola e os olhares tímidos trocados com os alvos da época
você é a paisagem indescritível que prefere silenciar, na ausência de descrição cabível
e é a risada do momento nostálgico com seus antigos amigos
é o céu que não cansa de te responder nada em troca de todas as suas dúvidas
você é só uma carta bonita de algum ex-namorado
é a pulga atrás de alguma orelha
e os sonhos que leva aí dentro
é a pizza daquelas pizzadas
e cada espinha que te surgiu no rosto
você é o vestido mais lindo do armário
e a calcinha furada que ainda não jogou fora
é o cabelo arrumado
e o despenteado de quem acabou de acordar
você é o bafo de toda manhã
e o chiclete de toda festa
é o medo de arriscar e a coragem de ter medos
você é a obra-prima de seus pais
e um estranho pelas ruas
você é a explosão de um beijo
e a indiferença de um abraço sem laço
você é a frieza daquela discussão que teve
e a coceira do cabelo não lavado
é cada cadeira, sofá, degrau ou chão que já sentou
você é o seu computador e todos aqueles arquivos
é o rasgo na calça que descobriu no meio da aula
e o desodorante que esqueceu de passar e já era tarde demais
você é um par de pernas que te leva pra onde guiar
é o sutiã que chega a encardir de tão adorado
você é o caderno velho que hesita em jogar
e o famoso álbum de fotos daquele passeio em família
é o perfume que marcou momentos e até hoje te leva dar uma volta no tempo
você é a chupeta coberta de baba
e o filme escolhido para ser a sua história

sábado, 25 de abril de 2009

Cuidado! (isso pode incomodar)

Esse mundo tem me machucado. Tem me machucado muito. Sinto que a qualquer momento vou ser engolida pela publicidade. Estou prestes a ser vencida pelo silêncio com que o vazio social se anuncia. Não em mim, mas por perto. Me sufoca a negação das pessoas perante o real e o profundo. Me sinto seriamente cansada, e minha voz parece minguar pra dentro dos meus ideais. Tenho a impressão de que o que eu penso sobre o rumo das coisas é igualmente pensado por outras mentes. Também cansadas, também caladas, profundamente subestimadas.
As pessoas estão cada vez mais malucas. Tem gente comprando máquina na ilusão de pagar assim, por felicidade. E os panos pro corpo aqui, são garantia de satisfação. O que é ser satisfeito e feliz agora? Eu já nem sei.
Aqui é tudo fora, externo, superficial. O dentro é varrido pra debaixo do tapete - contém sangue demais, ninguém tá afim de fazer sujeira: higiene em primeiro lugar.
É fato que nunca ninguém entendeu direito o que deve ser feito em vida. Mas o triste é que pra muitos, a busca cessou. A regra agora é se distrair até a morte. E quanto à morte, sabe lá.

ilusão de ótica

quinta-feira, 23 de abril de 2009

LINDA DE MORRER

Juro que não é papo de invejosa. Nem de feia revoltada. É uma inquietação apenas...

Outro dia eu estava pensando no quanto deve ser difícil ter aquela beleza absurda, sabe, bem estilo linda de morrer? Aquela que não tem quem olhe e não pense no quanto a pessoa é bonita.
A princípio, "que tudo!". Mas reflita: quando te olham, você é bonita. Se vai fazer uma entrevista de emprego, é a menina gostosa. Pro pai, é a filha miss universo. Pro professor, é a aluna linda. Pro amigo do pai, é um perigo. Entre as amigas, é a maior inimiga do mundo (mesmo que em segredo).
Meu deus. Que chatice! Claro que a beleza absurda abre algumas portas e não seria de todo mal ficar linda mesmo depois de uma hora de esteira. Mas e se você não quiser que a beleza seja uma chave? E se num dia você, simplesmente, não quiser chamar atenção? "Hoje eu não quero ser maravilhosa, quero passar despercebido!" - Não existe essa possibilidade.
Você já parou pra pensar que uma menina linda de morrer não pode ter melhores amigos homens? TODOS eles devem ter dúvidas sobre seus sentimentos em alguma altura do campeonato.
Se a menina é legal, super divertida e, ainda por cima, uma deusa grega, você acha mesmo que o cara só vai querer amizade pra sempre? Claro que não! Em um certo momento ele vai se sentir num besteirol americano da vida e vai achar que seu destino pode ser a mulher maravilha que além de tudo, é sua melhor amiga.
Você entende?! Ser milimetricamente bonita significa carregar um rótulo imediato. Ainda que tal rótulo seja o mais desejado por essa sociedade super profunda em que vivemos, ele não deixa de representar um pré-conceito. Na verdade, todo extremo representa - a feiura máxima, inclusive.
Agora pense comigo. A menina tipo eu, que alguns podem achar feia, outros, bonita. Alguns podem nem ter uma opinião formada sobre isso. Tudo bem.
De repente, num dia resolvo acender minha fogueira da vaidade, faço uma bela escova, jogo um blush aqui, um rímel ali, uma blusa decotada, e pronto: posso até chegar a ficar linda!
Num outro dia corriqueiro, em que eu resolvo dispensar a beleza, posso sair de coque no cabelo, um óculos embaçado, uma calça que me engorda, e tchãram: a baranga perfeita.
Veja quanta versatilidade uma pessoa normal tem nas mãos. Quantas armas e quantas cartas embaixo da manga.

Sabe, a beleza exata é carro, é casa grande, é status. É parte de tudo aquilo que, no fundo, todo mundo sabe que não passa de desejos infames criados por um sistema falido pra fazer sua economia girar.
É abstrato e é ilusório.
Para as deusas gregas, boa sorte! Quanto às meras mortais:
Vamos brincar de ser. Ser o que resolver que quer ser. Relaxe e brinde o corpo que lhe foi concebido - esqueça todas essas regras. Vai por mim. Qualquer padrão que seja é uma criação besta do homem. Lá na frente, vão todos carregar as mesmas rugas e as mesmas orelhas gigantes. Seremos os velhinhos que vemos hoje nas ruas. Seremos corpo velho. Seremos uma somatória deliciosa de histórias. Seremos um pacote de frustrações desnecessárias. Seremos experiências acumuladas de vida. Seremos sempre vida.
Feios ou bonitos - de qualquer jeito.

Liberté

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A QUE NÃO QUER CALAR!

"Para enviar seu torpedo, digite os caracteres da imagem abaixo:"

POR QUE?!?!?!?!?!?!?!?

terça-feira, 14 de abril de 2009

Vazio de cor.

O céu cinza de hoje, geralmente, carregaria Marilda de preguiça.
Posso imaginar seu andar recolhido no medo, seus passos contornando o incerto e seus olhos temendo o vazio.
Ela detestava seriamente esses dias assombrados pelo branco no topo do mundo. E o detestar chegava ao ponto de questionar a seu deus porque criara tal nebulosidade em sua vida.
Aquilo era ponto final prematuro em suas decisões, era interrupção certeira em seus afazeres. Marilda era congelada pela frieza do dia nublado, que nem era necessariamente frio, mas que vinha aterrorizando-a há meses.

Amanheceu outro dia. Mais um lotado de nuvens. Avistou pela janela a repetição de tal maldição e voltou a deitar. Deitou, mas levantou em seguida.
Cansada de se permitir tal bloqueio, Marilda vestiu um roupão e saiu esbaforida de casa.
Ninguém entendeu nada. "Será que ela vai cometer uma loucura?" - temeram os vizinhos que acompanhavam de longe sua depressão climática.
E ela voltou. Ao invés de fim, resolveu dar um início.
Cheia de latas de tinta e panos estampados e lisos debaixo do braço, Marilda pôs-se a pintar e costurar.
Pintou o teto de céu ensolarado e costurou tecidos cheios de vida em cada almofada, fronha, lençol e colcha de sua casa.
Daquele dia em diante, Marilda não precisaria mais do céu.
Resolveu que por dentro e por fora, ela seria cor.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

FLUIDEZ.

Ideias novas, fluxo livre de pensamentos, aquisição de meta, foco, objetivo. Coisa ligada à energia e tudo aquilo que tem a ver com harmonia mesmo.
É sempre o equilíbrio entre eu, eu mesma e todos os átomos do universo, que causa essa sensação absurdamente esclarecedora.


Boa semana!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Tããão irritante que me dá preguiça...

Preciso desabafar!
Não aguento mais o esculacho sem graça e o estilo “bom moço sem ser bonito” do Adam Sandler; o jeito “arraso com as garotas e os cara pagam pau pra mim” do Will Smith estão me dando uma implicância intensa; o menino bonitinho e engraçado do Ashton Kutcher me dá até uma vergonha alheia e o azaradinho e inseguro do Ben Stiller já deu também, né?


Eles estão me irritando!
Na verdade, esses esteriótipos até que deram uma descansada por hora. A culpada, no momento, é a TV por assinatura. Alguém pode, pelo amor de santo cristo, explicar porque essa gente encarna com um filme e fica reprisando milhões de vezes? Será que alguém sempre esquece o reprise ligado?!

Juro que já assisti ”Quero ficar com Polly”, no mínimo, umas 5 vezes. Mais as que só notei que estava passando, deve ter sido, no mínimo, umas 47 vezes - em 30 dias!

Ben Stiller já caiu e já foi enterrado no meu conceito.
Na verdade, depois de Entrando numa fria e a maior ainda (com De Niro, Barbara Streisand e Dustin Hoffman, o caminho é menos íngreme, né), ele não fez mais nada que realmente preste. Arriscou uns personagens NADA A VER em Zoolander, por exemplo, mas sempre cai no perfil enlatado do moço esquisito que porque deu certo nos primeiros (tem o da Mary lá também que até que foi legalzinho), a indústria fantástica de contos bilionários vai lá, empacota e produz em larga escala. Isso é uma fronta!


Por favor, vamos fazer greve reivindicando nosso direito ao respeito e preservação de nossa inteligência, porque ela vem sendo seriamente subestimada!
Não precisa também ser drástico e lotar as prateleiras com filmes cheios de cenas masturbatórias inúteis e constrangedoras, tá? Vamos entrar num acordo?! Please...
Ou será que sou eu que não consegui me achar ainda na indústria de faz de contas? Hmmm... Pode ser também.
Mas me proíbam de ver qualquer filminho nhénhénhé com aquela história de mentiras contadas no começo, depois o momento de crise da descoberta e, finalmente, o happy end, onde o casal sem sal descobre o poço da felicidade eterna.


É um favor que eu lhes peço. Tá me dando náuseas já.
E os diferentinhos a la “Margot e o casamento” também, me fazem questionar o porquê de passar 2 horas assistindo à uma produção sem sentido, com ares alternativos, mas com um roteiro perdido no meio do nada.
Quero mais Escafandros, Emelies, Lenins... Até um "de repente é amor" tá valendo. Não sou alternativa, nem radical. Sou normal, quero ver um filme interessante, vale ser bonitinho, mas não me venha com as revelações finais em meio à uma multidão, ou num jogo de baseball, ou pra uma plateia inteira ouvir – credo, isso no mundo real seria uma falta de educação sem tamanho! E no filme todo mundo aplaude, como se ninguém ali tivesse uma história).


aiai... Acho que a felicidade fajuta fingida por beldades apáticas está me entediando.
Alguém aí, faça alguma coisa!

domingo, 5 de abril de 2009

Quase uma semana!

Mas não chegou a ser uma semana (ufa!).
Sem postar por aqui foram 4 dias, 96 horas e muitos minutos, segundos e visitas ao blog sem coragem de escrever.
Já é do conhecimento de quem vem me visitar, essa tal mania de escrever assombrada pela tal mania de ter a confiança, criatividade e coragem, todas bloqueadas dentro e fora de mim.
Mas não se preocupem, logo elas serão completamente desbloqueadas.
Assim que eu ler todos os livros que acredito precisar ler; quando tiver assistido a TODOS os filmes os quais pessoas cults comentam e eu nunca ouvi falar; a partir do dia em que eu for uma pessoa mais segura de mim e, finalmente, quando todos os florais, bolinhas de açúcar de homeopatia, sessões de terapia e tentativas de meditação sortirem efeito, aí sim estarei eu apta a entrar neste blog e ver meus dedos voarem pelo teclado como agora, porém incessantemente, quem sabe várias vezes ao dia.
Bom, se bem que nesse caso, eu gostaria de já ter me tornado mestre em comunicação, estar editorando uma revista inovadora, protagonizando um musical da broadway, escrevendo meu terceiro livro e, quem sabe, estreando como roteirista de cinema.

Ou seja, nunca.
Não ao mesmo tempo.

Hoje eu sei que não importa o quanto eu pense em tudo que quero fazer e ser. Enquanto eu não amarrar os cadarços bem debaixo do meu nariz (na verdade, das minhas canelas), não posso ficar me imaginando lá longe saltitando e cantando.
Uma coisa por vez. É tudo uma questão de prioridades.
Você quer emagrecer, quer se formar, quer estudar teatro e quer ser, quem sabe, uma ativista social. A charada é: qual deveria ser sua prioridade?!?! Hãn, hãn?
Certa a resposta! A academia pode esperar, até os visitantes assíduos do blog podem esperar, mas o último ano da faculdade não, esse é pra já. Então estou tratando de fazer esses laços bem feitinhos, que é pra não desamarrarem lá na frente, no meio do show.

Conto com a colaboração de todos e acrescento que, de qualquer forma, vou atualizar sempre que der e que uma ideia legalzinha pipocar na minha cabeça.

Adiante!

terça-feira, 31 de março de 2009

Na ponta dos dedos...

Alguém sabe me explicar o poder das unhas?

Sim, porque até a opção da cor para colorí-las é padronizada, pré-estabelecida e tem seu valor específico. O vermelho, no caso, nos faz crer que passamos uma imagem de mulher segura, que sabe onde quer chegar e sabe muito bem onde está. Que seduz sem querer, que chama sem pretender a atenção alheia, que marca, que é portadora de beleza arrebatadora.
Ou seja, mulher de unha vermelha, insegurança aguda na certa. Homens, fujam! (brincadeira, posso dizer por mim que não sou tão insegura assim, tá?)

Mas gente, é loucura, é resultado da era vazia em que vivemos, mas é também inevitável: você nunca se vê do lado de fora de você digitando, por exemplo, mas você vê suas mãos passeando pelo teclado, vê seus cabelos caídos no ombro (ou os sente presos), e ainda (a pior parte - ou não!), você acompanha a situação de seus seios e barriga. É onde entra o poder destes pequenos pedacinhos de pele morta: se estiverem bem feitinhas, pintadinhas e coloridinhas, pronto! Ponto pra você que já vai se sentir bem por imaginar o resto do seu corpo também em ordem.
Se for à uma reunião pra pedir aumento pro chefe ou se for conversar com o cara maravilhoso que te faz gaguejar e se sentir ridícula, já sabe - vá de unhas intensamente vermelhas. Vai por mim, funciona!

Pode parecer uma maluquice cabal isso que vos digo agora, mas é exatamente a mensagem que as unhas vermelhas passam, ou a que nós, seres que carregam as mãos pintadas, acreditamos transmitir. E não me confunda com alguém cegamente adepto à banalidades como esta, por favor. Só cheguei a compartilhar com vocês aqui porque pintei minhas unhas nesta semana de aniversário e tal, e não consigo entender o por quê da gente carregar uma inseguraça gigante a ponto de precisar deste tipo de costume que serve, basicamente, pra nos diferenciar de nossas queridas ancestrais mais peludas e com as mãos e unhas tão ressecadas.
Ah, e saliento aqui também o meu não preconceito contra as cegamente adeptas, somente não me incluo no grupo e não acho tão essencial fazer minhas unhas sempre emolduradas por deliciosas pelinhas e cordões de sugeira que me fazem passar muita vergonha. Mas enfim...

É assim que, após esta discussão de extrema pertinência e depois de uma digitação enfeitada por meus pedacinhos de pele morta agora vermelhinhos nas pontas dos dedos, que me despeço e sugiro uma reflexão aprofundada sobre a capacidade que uma unha cuidada tem de transformar nossa visão sobre nós mesmos. É um absurdo!

segunda-feira, 30 de março de 2009

NOSSOS NÚMEROS!

Sexta foi meu aniversário. Na verdade, o melhor em anos.

não só porque fiz uso de um espaço do clube do qual sou sócia há 22 anos e NUNCA tinha usado; não só porque resolvi assumir que espero sim que o MEU dia seja um dia especial;
não só pelas presenças adoráveis que preencheram o espaço (apesar da falta de uma das mais importantes);
não só porque ganhei presentinhos;
não só porque percebi que posso contar com a dedicação total de um certo alguém chamado Gabriel;
não só porque amigos distantes resolveram lembrar e me ligar;
não só porque minha mãe se responsabilizou por quase tudo pra não me sobrecarregar;
não só porque teve um pizzaiolo muito bom e, finalmente, não só porque minha priminha de 3 anos estava uma fofura falando sozinha e se imaginando numa pizzaria gigante onde ela mesma amassava a massa e vendia as pizzas para seus clientes invisíveis - detalhe, vestida de bailarina!

Não tem como negar!
Todos nós veneramos o aniversários do dia em que surgimos no mundo. E não é só o dia em si, mas aqueles números da nossa data de nascimento; eles são tão NÓS; são um retrato nosso em forma de algarismos.
Atire a primeira pedra quem não tem os olhos atraídos para toda placa de carro que veja com o dia de seu aniversário; ou quando ele é mencionado como um dia corriqueiro por alguém - aquilo é como se tivessem falando de um irmão nosso sem saber; ou ainda quando somos levados a criar senhas de blog, senhas de msn, senhas de cadastro de qualquer futilidade - se não nos policiarmos muito lembrando de toda a proliferação de hackers, lá vamos nós despejando números nossos pra ser aquela senha.

É que fazemos parte de uma mega blaster plaster família de narcisos e narcisas, todos apaixonados por TU-DO aquilo que represente um elemento de individualização.
Que dirá o dia em que nascemos!

Infelizmente, toda a população mundial tem os mesmos 365 dias pra ter nascido, logo, a quantidade de seres que enxergam flores nos números 27 e 03, por exemplo, é o suficiente para destruir a peculiaridade que acredito carregar por ter nascido neste dia - o mais esperado, idolatrado, lembrado, esperado e pensado por mim. Mas esse fato não precisamos relevar, é claro. Não me interessa que a Xuxa e a Mariah Carey também sejam fissuradas pelo 27 e pelo 3, o vinte e sete de março ainda é só meu!

Mas retomando o raciocínio inicial (se ainda me lembro, eu ia dizendo os "NÃO SÓ PORQUES" do meu aniversário de 2009 ter sido tão gostosinho).
Só consegui me sentir BEM de verdade neste dia porque fui quem eu sou; me libertei de qualquer convenção aniversalesca e fui fazer algo que tivesse a minha cara.
E então o dia fluiu. Foi repleto de sinais verdes no trânsito, músicas favoritas na rádio e até Johnny e June na TV - adoro esse filme e, apesar de pesado para o dia, pude pressentir que aquilo era parte de uma conspiração dos deuses pra eu ter a sensação de que cada átomo estava a meu favor.

Foram fatos banais, mas me trasmitiram paz e eu me senti amparada por uma legião de pequenas coisas abstratas e concretas ao mesmo tempo, senti que não estava sozinha, e foi aí que (antes tarde do que nunca) me toquei que os 27 de março só serão realmente memoráreis quando eu decidir que eles serão e, depois disso é só autorizar tudo ao meu redor a entrar na mesma sintonia que eu.

Assim se vive um dia simples, leve e gostoso como uma fatia (pequena!) de pizza de mussarela.

quinta-feira, 26 de março de 2009


alguns minutos pro dia que pode ser (além de esquisito, constrangedor e nostálgico), um dia tranquilo e feliz!

terça-feira, 24 de março de 2009

Sem polianices, eu quero é reclamar!

Todo mundo fala: "Mariana, não fique nervosa. É só você fazer uma coisa de cada vez!" Ah! E a clássica: "Tudo vai acabar dando certo."
Tá. A questão é que EU SEI que tudo vai acabar dando certo por alguma razão, e que é SÓ eu fazer uma coisa de cada vez para dar conta de tudo que tenho pra fazer. Mas, na hora do descabelamento, eu simplesmente não quero ouvir uma opinião tão iluminada e a la Poliana, com seu mundo maravilhoso! Muito menos quero ser obrigada a ouvir de uma pessoa que nem sabe ainda o que é uma faculdade direito, que "Toda faculdade é assim. Pedem tudo ao mesmo tempo mesmo."
Não! Mil vezes não! O segundo ano de uma faculdade não tem na-da a ver com o último.
Por favor, não abra a boca pra discutir com um formando a beira de um ataque de nervos se você é um recém-semi-quase-universitário. Isso pode acarretar um homicídio doloso, eu juro.
Afinal, o que mais teria a perder uma ex-adolescente quase adulta com um artigo de dez páginas para entregar (depois de, claro, ter reescrito no mínimo QUATRO vezes - segundo meu ilustríssimo mestre - e, obviamente, depois de pesquisar em DEZ livros e/ou revistas)? Além da matéria "aprofundada e envolvente" sobre a prevenção e tratamento de dependentes químicos de crack ("ah... e, Mariana, é indispensável que você tenha um envolvimento, converse com ex-usuários, usuários, famílias de usuários, obtenha dados, pesquisas etc").
E o grand finale (tchã nã nã nã nãmmmm) --> A MONOGRAFIIIIA! [ruuufem os tambores]
Essa não dá pra detalhar sem ocupar a tela do seu computador inteira, então eu peço a vocês que somente imaginem.
Pronto, isso é tudo - na faculdade.
Ou você estava começando a pensar em como sou fresca, exagerada e nem tem tanta coisa assim?! Não, eu vou te convencer a ter pena de mim.
Tenho SEIS páginas para produzir na revista onde trabalho. Fiz UMA. As outras cinco? Até quarta que vem. Depois de quarta? Tenho uma semana e meia para dividir a produção de um caderno especial inteiro com um grande companheiro de aventuras que conheci neste áspero caminho de crianças crescidas.
E quer saber? Hoje eu reclamei tanto pra esse meu amigo, mas tannnnnnto, que nós demos muiiita risada, gargalhadas (desesperadas talvez), mas sinceras. E meu namorado, mesmo pelo msn, com sua praticidade e determinação invejáveis, me fez ver que não é nem um pouco válido ficar choramingando e implorando piedade alheia pelos cantos.
Aí eu compreendo o por quê de conseguirmos dar conta de T U D O, no fim das contas.
Esses amortecedores no meio do surto nos anestesiam e fazem o tempo passar feroz, mas também suavemente.
E pra conseguir continuar, depois de passadas as crises do "eu não vou conseguir", faço uso de um jargão popular e chinfrin, mas que sempre funciona.
Não penso, só vou.

segunda-feira, 23 de março de 2009

mano velho, falta um tanto ainda, eu sei. pra você correr macio...

[Pato Fu que anuncie por mim esse vácuo de tempo que derrete ao meu redor.]
Alguém pode me ensinar a empacotar TUDO dentro das 24 horas?

domingo, 22 de março de 2009

Eu avisei...

Pronto! Não consigo mais escrever...

Foi só dar início ao blog que foi tudo meio que censurado dentro de mim. Parece ridículo, mas esse espaço me faz sentir pressionada. Como se Sr. Blog fosse um chefe que me exigisse um texto criativo e inteligente todos os dias, e eu simplesmente me sinto incapaz de fazê-lo!
Não sei se deveria compartihar isso com você, caro navegante dessa "tal mania" agora bloqueada por motivos superiores e deconhecidos pela minha pessoa, mas não consigo fingir que está tudo bem. Prefiro escancarar e compartilhar com vocês esse probleminha técnico e inconveniente que está ocorrendo.
Não quero levantar a bandeira do "desculpe o transtorno, estamos trabalhando para melhor atendê-lo." Quero escrever mesmo assim.
Quero dizer que não sei o que dizer. E escrever que não quero escrever.

Quero chorar.
Mas não vou desanimar. Isso aqui é HOJE. Amanhã que será?


sábado, 21 de março de 2009

Doença Primata


Considerando tudo o mais que sobre mim consta, diria que o que está acontecendo é natural e, infelizmente, previsível.
Lá se vai toda a teoria antiamor pelo ralo da fragilidade que atormenta meus ânimos e devasta certezas como quem destroi um país inteiro.
É coisa que fatia minha paz, meu sossego. Como um ímã, atrai toda uma maré de medos, inseguranças e máscaras.
Tão fácil profanar idéias revolucionárias e pensamentos feministas cheios de amor próprio; palavras jorram aos montes da minha garganta de maneira bastante convincente. O difícil é agir conforme o que é dito e pensado.
Ao que tudo indica, é impossível desviar de um sentimento. E eu insito em querer aprender. Quero evitar dores, horrores, surpresas, decepções, tombos graves, fraturas expostas, luxações dolorosíssimas e tudo mais que envolve o amar.
Não quero me entregar. Ó, irresistível veneno! Que me cura, me suga, me mata, me tortura.
É filme que vive a se repetir. Chega a ser monótono o desfecho e a ausência de grandes inovações enoja, incomoda, porém me faz forte perante o amor.
Talvez não queira mais me fortalecer, então.
Não quero mais vestir essa armadura desconfortável.
Se menos dolorido fosse, se leve fosse como um doce. Mas é fritura, é massa. É tão pesado e gostoso. E por isso me rendo a ela - a velha novidade – e, mais uma vez, os olhos tremem inquietos e as mãos voam aos lábios em busca de respostas. Roer as unhas é o cabe para distrair enquanto a dor não se define, não se aconchega em meio aos meus sentidos.
Não digo que amar seja tristeza. É o oposto. É alegria que não cabe em mim, e é aí que se aloja o medo. É felicidade leviana, certeza incerta, é sentimento traiçoeiro.
Só não queria sentir.
Bastaria-me ser feliz sem alguém para amar ou enganar ou me render ou querer por perto.
Sonho a liberdade de um coração sem dono, exposto ao abandono. Antes isso do que me desmanchar por algo banal, bonito e tão desnecessário. Mas vou amar. Sei que vou chorar e cantar e ainda gritar tanto...
Faça-me então parar; evite este risco! Não posso mais, no escuro de outro alguém me atirar. Quero estancar o amor que não cansa sangrar.

quinta-feira, 19 de março de 2009

GRITO

Ontem teve protesto. Com direito à cartolina, nariz de palhaço e apitos dominados por suspiros revoltosos marchando pelos corredores da Uniso, onde costumam exigir silêncio mais do que nos exigem qualquer outra coisa.
Alunos de relações públicas, jornalismo e publicidade e propaganda vêm tendo aulas de Teoria da Comunicação em uma mesma sala, em um só horário, com os únicos dois ventiladores e um professor responsável. Sim, todos juntos!
Interrompemos a aula de prática de pesquisa (não antes de responder a chamada, claro!), nos infiltramos em meio à salada mista de curiosos, injustiçados, revoltados e baderneiros sem causa, e pronto. Lá estávamos nós sendo parte do que almejamos organizar em todos os três anos de jornalismo.
Ocupamos a coordenação de comunicação - parece que fazendo barulho, a gente alcança as notas que a reitoria ouve.
Os três coordenadores responsáveis não hesitaram em comparecer rapidamente e, quase que de cabeças baixas, concordaram com a razão de ser da reinvindicação e uma reunião com a reitoria foi agendada para hoje.
Dentre os poucos narizes de palhaço alienados e à procura de bagunça, percebi uma maioria corcunda de tanta desilusão. Algumas vozes gaguejavam coragem para enfrentar representantes de um sistema decadente, corpos transpiravam o cansaço de tanto descaso e os olhos... Os olhos duvidavam de cada promessa (que era incerta até para as bocas que as expeliam).

Não interessa.
Não me importa em absoluto o desfecho disso agora, porque contaminamos aquela sala.
Estagiários e coordenadores devem estar, no momento, circulando por ela, atendendo telefones, imprimindo papeis. Mas ficou amarrada ali em cada parede, em cada cadeira e em cada caneta, uma ameaça chamada democracia.
Toda vez que alguém recorre à ela, as cabeças do topo lembram de descer seus degraus hierárquicos e encarar os rostos de quem as mantém onde estão.

A propósito, as cartolinas diziam: EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA

terça-feira, 17 de março de 2009

Olhos de julgar


A menina pesseia tão desarmada pela rua, que aquilo incomoda.
(Não a da foto. Ela é uma criança, e é linda, pode andar como bem entender.)

Falo de outras, de outros, que passam longe de padrões e acabam punidos por pessoas acorrentadas a se sentir no direito de julgar deus e o mundo.

Um dia desses...

_ Nossa! Como uma pessoa daquele tamanho pode usar uma blusa daquelas?
_ Ah... Coitada, deixa ela usar o que quiser, ser como quiser.
_ Ser como ela quer tem limites, vai... Olha esse cabelo, que absurdo!
_ Por que absurdo? O cabelo é dela.
_ Tudo bem, quem passa vergonha é ela, não eu.
_ Não sei, tô achando tão gostoso ver alguém assim, livre.
_ Eu tô achando é humilhante.

_ É que você se impõe limites demais, e acaba nem sabendo, na verdade, quem é você!
(arrghh... essa parte ficou na vontade)